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Sunitas, Xiitas e o mito do radicalismo

Nesta aula o Prof. Claudio Hansen explica a diferença entre Sunita e Xiita e desfaz o grande mito da radicalidade, exemplificando com o grupo terrorista Estado Islâmico que é sunita.

Revolução Iraniana

Guerra Irã x Iraque

Doutrina Bush e o Iraque

Introdução ao Oriente Médio
 

O Oriente Médio é uma área geográfica que inclui países como Turquia, Jordânia, Arábia Saudita, Irã, Iraque, Iêmen e a região da Palestina, onde também se encontra o Estado de Israel. Apesar das diferentes etnias que ocupam essa região, existem alguns elementos em comum, como a língua árabe e a religião islâmica, que conectam alguns dos países nessa região. Todavia, a região também é berço das três maiores religiões monoteístas do mundo (cristianismo, islamismo e judaísmo).

Oriente Médio – um nó geográfico

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A9dio_Oriente

A região possui duas grandes importâncias estratégicas. A primeira é que ela é considerada um nó geográfico, pois conecta Europa, Ásia e África. Outra característica relevante é a gigantesca riqueza no subsolo da região, a disponibilidade de petróleo. A região abriga cinco entre as dez maiores reservas de petróleo do mundo. Na segunda metade do século XX, o petróleo se tornou a principal matriz energética. Portanto, o controle de suas reservas passou a ser de interesse estratégico para as principais potências políticas mundiais e empresas.

 

 

Sunitas, xiitas e o mito do radicalismo

Nesse contexto, para melhor entender alguns conflitos e alianças geopolíticas na região, é necessário entender a divisão do islã entre sunitas e xiitas. Com a morte do profeta Maomé, estabeleceu-se um questionamento sobre quem iria guiar os muçulmanos. Os xiitas são aqueles que acreditam que o líder da comunidade islâmica deveria possuir alguma consanguinidade com o profeta. No caso, esse seria Shiat Ali, genro e primo. Os xiitas correspondem a 20% de todos os muçulmanos, sendo Irã, Iraque e Bahrein alguns dos países com maioria xiita. Os sunitas correspondem a 80% dos muçulmanos no mundo e acreditam que o líder pode ser qualquer um que seja bom para a comunidade muçulmana. Arábia Saudita, Síria e Qatar são alguns dos países com maioria sunita. Assim, a ideia de radicalismo não é algo diretamente associado a um ou outro grupo. Acontece que o fundamentalismo religioso e a transformação disso em extremismo pode acontecer com qualquer religião ou grupo religioso no mundo.

 

 

Revolução Iraniana

Em 1979, houve dois importantes marcos que alteraram a geopolítica do Oriente Médio, encaminhando para as guerras subsequentes: a ascensão de Saddam Hussein ao poder no Iraque e a Revolução Fundamentalista do Irã.

Para entender esse processo, é importante voltar um pouco no tempo. O Irã é um país que remete ao Império Persa, que, no passado, dominava a região. De 1941 a 1979, o país era uma monarquia constitucional comandada por um primeiro-ministro, no qual Xá Reza Pahlavi era a figura monárquica.

Xá Reza Pahlavi

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Mohammad_Reza_Pahlavi

Em 1951, o primeiro-ministro do Irã, Mohammad Mossadegh, decidiu nacionalizar a exploração de petróleo no país, controlada por empresas estrangeiras, principalmente as inglesas. Desde esse período, o Irã construiu fortes laços com países ocidentais e, assim, recebeu apoio dos americanos na Operação Ajax, em 1953, ou Golpe Mordad 28, que possibilitou a Xá Reza Pahlavi assumir plenos poderes no Irã.

Desde então, observou-se uma forte aproximação do Irã com os Estados Unidos, tornando-se um grande parceiro comercial, principalmente na exportação de petróleo. Todavia, o grande crescimento econômico possibilitado por esse comércio não se traduziu na melhoria dos índices sociais. No país, a desigualdade social imperava. A revolução aconteceu quando o islamismo ganhou força enquanto agente político. Em um regime absolutista, eram as mesquitas e espaços religiosos que cumpriam a função do encontro e mobilização social. Com a derrubada da monarquia, o regime xiita assume o poder, representado pela figura do Aiatolá Khomeini, em 1979, marcando a Revolução Fundamentalista do Irã. Com isso, os Estados Unidos passaram a ser o grande inimigo do país, cessando esse comércio de petróleo e marcando o início da segunda crise do petróleo no mesmo ano.

Revolução Iraniana – Aiatolá Ruhollah Khomeini

Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2019/02/reacao-a-revolucao-iraniana-desembocou-em-extremismo.shtml

 

A Guerra Irã x Iraque (1980-1988)

No Iraque, vizinho do Irã, cerca de 60% da população é xiita. Saddam Hussein, militar sunita, passou a temer que a Revolução Iraniana se alastrasse também no seu país. Com o apoio dos Estados Unidos e alegando questões territoriais, o Iraque declarou guerra contra o Irã. O Iraque teve um grande incentivo militar dos Estados Unidos e do Reino Unido, além de ter recebido empréstimos da Arábia Saudita e do próprio Kuwait para armar seus exércitos. Porém, tinha dificuldade com a falta de soldados, pois a população, de maioria xiita, não lutaria contra o Irã. Por sua vez, o Irã não tinha acesso a muitas armas, devido ao rompimento de relações com países ocidentais e, assim, o conflito durou 8 anos, causou mais de 1 milhão de mortes e fez o preço do barril disparar. Não houve vencedores e o conflito ganhou uma intensa insatisfação popular em relação ao governo iraquiano.

 

 Primeira Guerra do Golfo (1990-1991)

Com o fim da guerra, o Iraque saiu muito endividado e com inúmeras perdas humanas. Assim, sob a alegação de que o Kuwait estaria provocando a queda do preço do petróleo no mercado internacional, Saddam Hussein invadiu o país vizinho em agosto de 1990. Essa foi uma forma de provocar o aumento no preço do petróleo e, também, de obter a anexação de um território rico em petróleo. O Kuwait é um país muito pequeno e foi rapidamente dominado pelo Iraque. Acontece que os Estados Unidos e demais potências ficaram receosos quanto a essa invasão, pois o Iraque passava a ter controle de cerca de 20% das reservas de petróleo do mundo. A família real do Kuwait fugiu para a Arábia Saudita, outro gigante geopolítico que estava ao lado dos Estados Unidos. O receio de um conflito entre Iraque e Arábia Saudita também foi grande. Os Estados Unidos passaram a se organizar contra o Iraque, ordenando a retirada de tropas do Kuwait. Os americanos coordenaram uma formação militar internacional para atacar o Iraque e forçar sua retirada do Kuwait. O Iraque saiu mais uma vez derrotado. Todavia, Saddam Hussein permaneceu no comando do país por conseguir, de alguma forma, controlar as tensões internas entre sunitas, xiitas e curdos.

Caças americanos sobrevoam o Kuwait durante a Primeira Guerra do Golfo

Fonte: http://opiniaoenoticia.com.br/internacional/o-inicio-da-guerra-do-golfo/
 

Segunda Guerra do Golfo – Guerra ao Iraque (2003-2011)

A partir do atentado às Torres Gêmeas de 11 de setembro de 2001, o governo de George W. Bush declara Guerra ao Terror, a fim de se precaver contra o inimigo invisível e onipresente: o terrorismo. Com isso, estabelece o “Eixo do Mal”, que seriam países que, possivelmente, teriam grupos organizados contra a interferência ocidental no Oriente Médio. Muitas regiões de interesse estratégico foram atacadas nesse período.

Depois da Primeira Guerra do Golfo, o regime de Saddam Hussein não caiu e a necessidade de dominar territorialmente a região continuava presente. Os Estados Unidos, com o apoio do Reino Unido, mas com fortes críticas internacionais e sem o apoio da ONU, vão à guerra de novo. Os países muçulmanos consideravam o ataque como uma guerra contra o islamismo. De certa forma, a essa altura, a divisão política entre mundo ocidental e mundo oriental islâmico, que não concorda com a intervenção americana em seu território, já existia. Os Estados Unidos queriam, portanto, instalar um novo governo no Iraque.

Em 2003, os Estados Unidos atacaram novamente o Iraque, iniciando um novo conflito. Alegando uma suposta produção de armas químicas de destruição em massa, a ação militar ignorou a resolução da ONU, contrária ao ataque. O líder Saddam Hussein foi capturado por tropas norte-americanas e entregue à justiça iraquiana, sendo julgado e condenado à morte em 2006. Somente em 2011, o presidente Barack Obama iniciou a retirada de soldados do Iraque, sem que a situação política estivesse pacificada.

Tropas americanas invadem o Iraque

Fonte: https://www.noticiasaominuto.com/mundo/975331/eua-invadiram-iraque-ha-15-anos-como-e-que-se-deixou-aquilo-acontecer