Principais características do território
Herança das castas e subdesenvolvimento
Os destaques: Bangalore e Bombaim
Clima de monções e suas consequências
A questão da Caxemira
Características do território e População
A Índia foi o segundo país do mundo a atingir uma população de 1 bilhão de habitantes. Segundo estimativas do Banco Mundial, são 1,339 bilhão de indianos, uma diferença de 50 milhões de pessoas para a China, maior população mundial. Estimativas apontam que a Índia deve superar a população chinesa em 10 ou 15 anos. Até a década de 2050, deve atingir o valor de 2 bilhões. Atualmente, a população indiana corresponde a aproximadamente 18% da população mundial.
A densidade demográfica é de 328 hab./km², o que coloca o país em categoria rara, de país populoso e povoado, isto é, apresenta valores elevados de população absoluta ao mesmo tempo que bem distribuída pelo território.
Densidade demográfica indiana por regiões administrativas
Fonte: Institut national d’études démographiques (Paris, France). Adaptado.
Conforme é possível observar no mapa, a Planície Indo-Gangética (cores roxas mais intensas) apresenta as maiores densidades demográficas, e é onde está localizada a capital indiana, Nova Delhi. Essa região é uma das principais áreas úmidas do país.
A população indiana privilegia o nascimento de filhos, tal como a sociedade chinesa. Nesse sentido, o infanticídio de meninas recém-nascidas é um grave problema, somado ao fato de que, culturalmente, os homens são os únicos passíveis de receber heranças. Assim, muitas meninas e mulheres tem péssima qualidade de vida.
A enorme população significa uma diversidade linguística e cultural gigantesca, caracterizando o país por uma grande diversidade e miscigenação. São 18 idiomas oficiais, entre eles, o hindi, falado por 30% da população, e o inglês, herança da colonização pelos britânicos. Essa característica possibilitou o país a se destacar na prestação e exportação de serviços de informática e call center, uma vez que a língua inglesa e a mão de obra extremamente barata, porém qualificada, atraíram diversas empresas do setor para a região.
Essa condição foi possibilitada por grandes investimentos indianos na área de educação, durante a década de 1960 e 1970 possibilitando futuramente o desenvolvimento econômico do país, que hoje atua do lado dos emergentes como a China, inimigo histórico da Índia na região.
Sistema de castas
O hinduísmo é uma corrente religiosa e filosófica pautada em uma grande variedade de ideias e cultos. Aproximadamente 80% da população indiana se diz hindu, seguido por 14% de mulçumanos e 2% de cristãos e alguns outros grupos minoritários. Uma das características do hindu é a sua estratificação social, o famoso sistema de castas:
- Brâmanes: são os considerados puros, originados dos lábios ou cabeça de Brahma, geralmente sacerdotes ou letrados.
- Xátrias (guerreiros): são responsáveis por proteger todos contra a maldade, originados dos braços de Brahma.
- Vaícias: são os lavradores, comerciantes, artesãos, originados das pernas de Brahma.
- Sudras: são servos e escravos, originados dos pés de Brahma.
Os Párias não são uma casta, pois não possuem origem na divindade Brahma. Esse sistema foi abolido por lei, embora continue sendo praticado. Essa é uma enorme dificuldade para o governo indiano, no aspecto de desenvolvimento socioeconômico do país, pois a desigualdade social age como um limitador do potencial do seu mercado. O consumo é restrito para algumas castas. A industrialização e a urbanização têm contribuído para mudar essa estrutura social.
Industrialização indiana
O processo de industrialização indiana é significativo desde a sua independência, em 1947. Isso faz do país uma potência industrial e explica o termo emergente. A industrialização foi pautada em um modelo nacionalista de planificação econômica, sem apropriação de bens de produção. Nesse sentido, durante a Guerra Fria, recebeu grandes investimentos da União Soviética. A indústria de base e de armamentos era o destino prioritário desses investimentos. O vale do Rio Damodar, no Planalto de Decã, foi a base desse processo, devido à disponibilidade de recursos minerais na região.
No final da década de 1990 e início do século XXI, foi possível observar uma mudança significativa nesse processo, que passou a priorizar a produção industrial de alta tecnologia. Os setores de informática, robótica e espacial passaram a ganhar significativos investimentos. Nesse sentido se destaca a cidade de Bangalore, considerada o Vale do Silício Indiano, região de grande desenvolvimento tecnológico. As áreas relacionadas à biotecnologia também se destacam. Nos últimos anos, tais setores, aliados à mão de obra barata, atraíram o capital estrangeiro e colocaram a Índia no mapa das multinacionais. Apresentou crescimento econômico médio de 6,8% nos últimos 20 anos, colocando o país como potência emergente e um dos integrantes dos BRICS, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Participação dos países do grupo BRICS no PIB mundial: 1980-2020
Fonte: Fundo Monetário Internacional. Projeções. 2016. Disponível em: https://www.ecodebate.com.br/
Clima de monções e suas consequências
As monções são ventos periódicos cuja variação ocorre de uma estação (verão) para outra (inverno). Todo o Sudeste Asiático é afetado por essa dinâmica climática. Esses ventos decorrem da diferença de pressão entre o continente e o oceano. Nesse sentido, áreas de alta temperatura formam centros de baixa pressão atmosférica, e áreas de baixa temperatura formam centros de alta pressão atmosférica. Os ventos ocorrem pelo deslocamento de uma massa de ar de uma zona de alta para baixa pressão.
Monções de inverno: ventos secos originados do continente (alta pressão) em direção ao mar (baixa pressão), pois o continente perde calor durante o inverno, formando uma célula de alta pressão sobre essa região.
Adaptado de ALMEIDA, L. M. A. de. Fronteiras da globalização.
Monções de verão: ventos úmidos originados do oceano (alta pressão) em direção ao continente (baixa pressão), pois o continente se aquece mais rapidamente durante o verão, formando uma célula de baixa pressão sobre essa região.
Adaptado de ALMEIDA, L. M. A. de. Fronteiras da globalização.
Paquistão x Índia – A questão da Caxemira
A região da Caxemira é uma área em disputa e muito militarizada, e tem sofrido com atentados terrorista em seu território em função da disputa entre Índia e Paquistão. Para entender o atual conflito, é importante relembrar que até 1947 não existia Índia, Paquistão ou Bangladesh. A área continental que hoje corresponde a esses países era a Índia colonizada pela Inglaterra. A partir do fim da Segunda Guerra Mundial, a Inglaterra começa a perder suas colônias. A Índia consegue fazer revolução de forma pacífica, com a ajuda e influência de Mahatma Gandhi, e ganhar a independência. Acontece que a região contava com diferentes religiões e culturas, entre hindus e muçulmanos que possuem não somente religião, mas uma cultura e um modo de vida muito diferente. Essa divisão religiosa influenciou a divisão territorial entre Índia (maioria Hindu) e Paquistão (maioria muçulmana).
Fonte: https://www.dn.pt/opiniao/opiniao-dn/leonidio-paulo-ferreira/caxemira-questao-nao-e-india-retaliar-mas-sim-com-que-furia--10592497.html
A região da Caxemira foi dividida entre as colônias da Inglaterra, o Tibete Chinês ficou com uma porção do território e a Índia ficou com maior parte. A Caxemira, porém, é de maioria muçulmana, mas é uma importante região estratégica sobretudo em seus recursos hídricos. Além de ser uma rota comercial que liga os países do oriente. Em fevereiro de 2019 houve um grande ataque terrorista na região, e a Índia acusou o Paquistão de ser responsável pelo atentado. Nesse contexto de disputa, a Índia posicionou mais de 500 mil soldados na região, por medo de ataques e manifestações. A Caxemira se encontra, portanto, extremamente militarizada.
Outro ponto importante é o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP) de 1970, que não conta com Índia e Paquistão como signatários. Ambos possuem armas nucleares, o que significa uma espécie de afronta entre os países. Diferente de um investimento militar ostensivo, as armas nucleares são um tipo de ameaça indireta, onde ninguém quer ser o primeiro a atacar. Em função dos ataques terroristas na região onde ambos países se acusam, a tensão vem crescendo na região.