Cultura e globalização
Aldeia global e a influência dos grandes centros
Identidades nacionais
Tecnosfera e a exclusão digital
Hibridismo cultural
Brasil e o seu caráter pluriétnico
Introdução
A globalização, ou mundialização, é um processo em que os fenômenos (economia, política, cultura, questão ambiental) passam a ocorrer em uma escala global. Do ponto de vista histórico, essa globalização inicia-se com as Grandes Navegações. Do ponto de vista geográfico, a intensificação desse processo é mais atual e ocorre após a dissolução da União Soviética e o fim da Guerra Fria.
A base técnica da globalização corresponde aos transportes e comunicações. As transformações observadas nas últimas décadas nesses setores, como o processo de conteinerização (uso de contêineres para o transporte de mercadorias) e o desenvolvimento da fibra óptica, possibilitaram o “encurtamento das distâncias” e a expansão do comércio mundial. Na ponta desse processo, estão as empresas transnacionais. Elas são os principais agentes da globalização, carregando consigo seus produtos e suas marcas para o mundo. Segundo alguns estudiosos, a intensificação dessas trocas criaria uma “aldeia global”, isto é, uma cultura global e padronizada. Todos beberiam o mesmo refrigerante, comeriam a mesma comida, usariam a blusa da mesma marca... Entretanto, a forte identidade nacional permitiu ou intensificou outros fenômenos, como o hibridismo cultural (trocas culturais formam novas características culturais) e o choque de civilizações (culturas diferentes entram em conflito devido a essas diferenças). Assim, esse conceito de aldeia global não se confirmou.
Mapa mental – Globalização
Globalização Cultural
A globalização possui seu caratér econômico e cultural. Vamos nos focar no último aspecto, embora a produção econômica sirva também para influenciar, modificar e disseminar culturas. Os produtos também são reflexo de uma cultura e condicionam tendências e comportamentos.
1) O que é cultura e o que é globalização?
Podemos entender cultura como
- Cultura: conjunto de características (como linguagem, hábitos, história, comportamento social, leis, culinária, tipo de vida, atividades econômicas exercidas, ciência, valores morais... ) de determinadas sociedades.
- Globalização: processo no qual os fenômenos (econômicos, culturais, históricos, sociais, ambientais...) passam a ocorrer em escala global.
Como dito, o processo de globalização se intensifica com o desenvolvimento das tecnológias de comunicação e transporte, no pós guerra fria. Os mercados ficam mais conectados, as empresas tem atuação global, e os fenômenos culturais, antes muito locais, começam a sentir esse processo de diversas formas que iremos conceituar aqui. A globalização acaba dar um ganho de escala as culturas, ampliando as trocas e choques culturais.
2) Aldeia global e a influência dos grandes centros
Acontece que essa troca não acontece de forma simétrica. Há inegavelmente um amplo domínio dos grandes centros produtores de influência. Não são todos os países que conseguem projetar sua cultura para os demais no mundo moderno. Quem guiou o processo de organização da nova ordem mundial foi o grande vencedor da guerra fria, os Estados Unidos. Não por conscidencia que a projeção que a cultura norte americana tem é muito maior do que de demais países. Por exemplo: é possível que você, aluno brasileiro, já tenha visto mais filmes americanos do que brasileiros. Quando assistimos um filme estamos identificando e apreendendo diversos traços culturais e hábitos, o que influencia no comportamento de demais culturas.
Deter a capacidade técnica para tal projeção é um fator determinante para esse processo, que gera a disseminação de um padrão de desenvolvimento, que no geral aprofundamos no estudo do caráter econômico da globalização neoliberal. De todo modo, são centros de influência e centros econômicos que criam produtos e lançam tendências, estabelecendo também bases empresariais e produtivas em diversos territórios internacionais. As tecnologias de comunicação acentuam essa influência numa escala global de forma instantânea a exemplo dos celulares e das redes sociais.
- Aldeia Global; a ideia de que há um encurtamento de distâncias metafórico, por conta da disseminação midiática na globalização, onde um evento se torna de conhecimento de todos rapidamente. Como numa grande aldeia, a cultura e as notícias se disseminam muito rapidamente, atingindo a todos.
Mas ai vem a pergunta; a influência cultural de determinadas nações seria capaz de criar uma homogenização das culturas?
3) As identidades nacionais
Na verdade o que ocorre é um hibridismo cultural, onde culturas se misturam. Por exemplo: existem palavras em inglês comumente usadas hoje no português como "mouse" ou "hamburguer" mas isso não homogeniza nossa cultura, pelo contrário, é incorporado a nossa cultura, criando novos significados.
Porém, para algumas culturas no mundo, a cultura americana é muito diferente, e a necessidade por um protecionismo e maior resistência cultural pode agravar conflitos entre países. Não são todos os países que aceitam essa influência e modelo de desenvolvimento de forma tão fácil. Mas, o capitalismo e a produção dos países hegemônicos também se adapta a especifidades culturais para se fazerem presentes em identidades nacionais muito diferentes.
As identidades nacionais porém continuam existindo, mesmo nesse mundo globalizado e comunicativo de uma aldeia global. São essas identidades nacionais que impedem a ideia de homogenização cultural, por mais que um determinado e controverso padrão de desenvolvimento tente se disseminar em larga escala pelo mundo. O medo de perder traços de sua cultura por uma cultura estrangeira remete ao conceito de aculturação, que é quando um traço de uma determinada cultura se perde com o tempo. O desevolvimento tecnológico causa esse fenômeno com frequencia. Ao mesmo tempo, esse receio mecionado aumenta com a globalização e pode motivar xenofobias.
4) Tecnosfera e a exclusão digital
A influência das centralidades econômicas produtivas também produz desigualdades. Conforme o meio digital e a tecnologia se dissemina, a exclusão desse processo se torna mais agravante. Por exemplo: não ter celular quando apenas 50 pessoas no mundo inteiro o possuem não parece ser um problema... mas não ter celular hoje em dia te exclui de vagas de emprego, de informação, de acesso a serviços, até mesmo de transações bancárias dependendo da localidade.
- Tecnosfera: conjunto de formas de relacionamento entre a humanidade e o meio.
Lembrando que tecnologia são nossas ferramentas de conhecimento que ajudam e condicionam essa relação. Na época das grandes navegações por exemplo, os navios eram a grande tecnologia da época, certo? E a produção de conhecimento e cultura também influência na produção tecnológica. Nas feiras de antigamente, os produtos refletiam a forma de fazer de um determinado povo, um saber, e os recursos presentes naquele território. Hoje, com a globalização, uma indústria até capta recursos naturais de diversos países para produzir seu produto, mas, cada objeto produzido pela cultura americana por exemplo, tem origem em suas demandas, intencionalidades e especifidades, da maneira americana em seu jeito e conhecimento, e este padrão que é disseminado para o restante do mundo.
Hoje, a tecnologia é o grande eixo produtivo e a grande arma de encontro, e influência o campo relacional humano em diversos aspectos. Então, possuir o meio tecnico bem desenvolvido é vital para ser inserido e se projetar no mundo globalizado. Não pense apenas num celular quando falamos de tecnologia, mas a exclusão da infraestrutura como um todo, como a infraestrutura urbana por exemplo.
5) Hibridismo cultural
É possível pensarmos na ideia de uma cultura original ou pura, sem nenhuma influência de outra cultura? Uma cultura vem, por exemplo da relação com seu meio e de suas possibilidades. Sempre, na história, culturas se misturaram e se influenciaram. Trocaram informações, conhecimentos, características. Toda cultura possui influência de outras culturas em algum nível. Por exemplo: o português brasileiro veio do português Portugal, mas a cultura diferenciou essas linguas com o passar do tempo.
- Hibridismo cultural: mesmo que misturas culturais, que geram hábitos que tem raízes em culturas diferentes. Essa mistura gerando novos hábitos e culturas antes não vistas.
Um bom exemplo sobre hibridismo cultural é o brasileiro comendo comida japonesa com cream cheese! A identidade nacional, somada a chegada de outras culturas, pode gerar portanto tanto um choque cultural, no sentido de gerar conflitos pelas diferenças estabelecidas, quanto um hibridismo cultural, ou a uma aculturação.
- Choque cultural: quando culturas muito diferentes, ao se encontrarem, causam um conflito.
- Aculturação: quando um traço de uma determinada cultura se perde com o tempo.
6) Brasil e seu caráter pluriétnico
Todos os conceitos apresentados até aqui ajudam a pensar a realidade brasileira de uma forma diferenciada. Não vamos aprofundar nesse resumo em todos os fluxos migratórios, desde a colonização, que influênciaram a formação socioespacial brasileira em cada região, porém, para saber mais sobre os fluxos migratórios que influenciaram a formação social brasileira você pode clicar aqui!
De modo geral, o Brasil é um país de origem indígena que sofreu com a colonização e a influência das missões jesuíticas, além do fluxo europeu para diversas regiões. Houveram também as populações africanas, que foram trazidos forçadamente pelo interesse em seus saberes de construção e cultivo, e que literalmente fundaram com seu trabalho as estruturas brasileiras. Muitos se referem ao Brasil com um país miscigenado pela pluralidade de fluxos que influenciam no perfil cultural brasileiro de hoje. É importante ressaltar também a constituição de 88, que representa um marco no compromisso com o respeito a diversidade cultural.