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A visão americana sobre a geopolítica mundial

Nesse vídeo, o professor Hansen resolve uma questão que aborda a visão americana sobre a geopolítica mundial, focando principalmente na relação com a Rússia, e o contexto de conflito entre os modelos político-econômico antagônicos entre si, capitalismo e socialismo. Material: http://desconversa.com.br/wp-content/uploads/2015/07/Materialdeapoioextensivo-geografia-exercicios-sobre-os-estados-unidos.pdf

A formação territorial dos Estados Unidos

Os Estados Unidos e sua Hegemonia Internacional

A atividade agrícola dos Estados Unidos

População estrangeira nos Estados Unidos

A População Hispânica dos Estados Unidos

A relação conflituosa entre Estados Unidos e México

Formação Socioespacial

Os Estados Unidos foram uma colônia britânica. Em 4 de julho de 1776 declaram sua independência e começaram um processo de expansão imperialista americana e sua ocupação se dava na costa leste. Eram 13 colônias do Atlântico, por onde as capitanias chegaram; o processo de ocupação era semelhante ao do Brasil e dos demais países colonizados, onde a concentração populacional se dava no litoral. No caso dos EUA, o objetivo no momento era expandir o imperialismo norte americano em direção ao oeste, cruzando os montes apalaches. A ocupação e a colonização contaram com muitos impactos ambientais e com o genocídio da população indígena.

Montes apalaches e o desafio imperialista

 

Ocupação para o Oeste

Essa política foi criada com o intuito de atrair imigrantes, mas o que poderia convencer os europeus a saírem do seu país em direção às colônias recém consolidadas?! Para isso, os EUA estabeleceram uma política de distribuição de terras, ou seja, venda de terra a preços muito baixos e com uma cláusula de que a pessoa teria de permanecer nela por pelo menos 5 anos. Isso permitiria uma consolidação do vínculo, criando também uma estrutura ao redor.

Essa política, além de ocupar o interior, criou uma classe média, pois a distribuição de terras ocorreu de forma menos concentrada que no Brasil. As ferrovias eram o terceiro eixo de ação para essa integração, permitindo também o escoamento de mercadorias e criando cidades ao redor da linha férrea. Toda essa ocupação era feita com base no Destino Manifesto, que dizia que o povo americano seria portador da missão divina de promover o desenvolvimento para áreas de subdesenvolvimento, justificando o genocídio de pessoas indígenas e os impactos ambientais.

A partir disso, os EUA compram muitos territórios franceses e espanhóis, invadiram territórios e compraram parte dos mexicanos, além de ter ganhado terras dos ingleses. Desta forma, conseguiram consolidar um imenso território do Oceano Atlântico ao Pacífico ainda no século XIX.

 

Regionalização dos EUA

Regionalização dos Estados Unidos - Manufacturing e Sun Belt.

Nordeste – Manufecturing Belt

Em azul, se estabelece o cinturão manufatureiro (ou cinturão fabril), que marca o início da industrialização e é fruto das antigas 13 colônias. Se destacou pela exploração de ferro e carvão, muito importantes para industrialização não só dos EUA, mas do mundo; nele esteve presente a 2ª e a 3ª revolução industrial (lembrando que a 1ª revolução industrial demandava carvão, a 2ª revolução houve o crescimento das automobilísticas e siderúrgicas onde a jazida de ferro tem papel central). Foi neste território, portando a região de desenvolvimento do fordismo e consequentemente a área mais povoada do EUA, que tiveram algumas consequências espaciais:

  • Detroit: muito destaque na indústria automobilística;
  • Bosh – Wash: maior megalópole do mundo; aglomerado urbano fruto dessa intensa ocupação urbano industrial;
  • New York: empresas e bancos sediados lá; bolsa de valores de NY;
  • Chicago: centro da tecnologia agropecuária – bolsa das commodities definem o valor delas para o mundo. Sede de importantes faculdades e polos tecnológicos; MIT - Instituto de Tecnologia de Massachusetts.

 

Atualmente a desconcentração industrial altera essas espacialidades. Por exemplo: no centro de NY não estão as indústrias, e sim os centros de poder, isso porque as partes pesadas das indústrias foram enviadas para os países subdesenvolvidos, sobretudo as partes de extração de matéria prima e indústria mais bruta, o que ajuda a industrialização dos países economicamente atrasados. Os países subdesenvolvidos ofereciam vantagens comparativas como mão de obra barata e vantagens fiscais. Essa região, portanto, perdeu grande parte de suas indústrias, mas manteve-se enquanto centro de poder, uma vez que as sedes administrativas das empresas permanecem lá.

Detroit é um grande exemplo disso; uma cidade de Michigan que se estabelecia como um grande polo industrial da indústria automobilística. Com a desconcentração industrial há um esvaziamento das vagas de emprego na região, o que gerou uma grande migração de uma população branca para subúrbios, como Brooklyn (Nova York), além da própria gentrificação. A concorrência japonesa no setor automobilístico também contribuiu para esse esvaziamento. A população se reduziu muito e se tornou uma espécie de cidade fantasma, muito perigosa em seus vazios urbanos. Em 2013, ela declarou falência e atualmente se estabelece novamente enquanto uma área de oportunidade de investimentos justamente por essa desvalorização.

 

Costa oeste ao sul dos EUA - Sun Belt

Essa é a área de ocupação mais recente e que ganha muita importância no pós-Segunda Guerra Mundial. Aqui se deu o desenvolvimento de importantes atividades militares e tecnológicas. É nesta área que encontramos a famosa “Área 51”, que foi uma importante região para desenvolvimento e uso de material nuclear. Por não ser habitada era usada para testes, o que possibilitou um crescimento tecnológico de maneira geral.

Vale do Silício - principalmente no pós-Guerra Fria, os EUA passaram a investir mais em tecnologia do que poder militar naquela área, e então surge o Vale do Silício, o polo tecnológico mais importante do mundo. É importante lembrar que os polos tecnológicos (ou tecnopolos) são centros de pesquisa onde tecnologias são desenvolvidas. Ali se concentram universidades e empresas que fazem pesquisas de mercado e desenvolvem as melhores tecnologias para o mercado. Com esse desenvolvimento foi possível que o país entrasse na 3ª revolução industrial. Por isso, pode-se entender que foi nesse território que o Toyotismo se implementou. Com isso, ocorre uma grande migração do nordeste dos EUA para o Sun Belt.

Além disso podemos destacar na região:

  • Texas e o polo tecnológico de Austin;
  • Sedes da Nasa, da Texaco (Texas Company);
  • Califórnia; São Francisco e Los Angeles, a 2ª maior metrópole americana. Isso indica grandes capitais uma em cada extremo do país (NY a leste). Atraiu muitas indústrias de ponta. Em L.A. fica também Hollywood, demonstrando que a região possui influência financeira, econômica, produtiva e também cultural.

 

Doutrina Bush e suas consequências

Todos os conflitos precisam de alguma justificava, mesmo que ela seja artificialmente criada. Até o final da década de 1980 vivia-se um contexto de Guerra Fria. O grande inimigo dos países nesse momento eram aqueles contrários a ideologia dominante, seja ela capitalista ou socialista.

Com o fim da Guerra Fria os Estados Unidos e parte do mundo ficaram de certa forma sem um inimigo evidente, parecia que os conflitos iriam diminuir. Todavia, o atentado terrorista provocado pela al-Qaeda no dia 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos, mudou isso. O terrorismo passou a ser o novo inimigo que deveria ser enfrentado a partir de ataques preventivos, concepção que ficou conhecida como Doutrina Bush. Essa reorientação geopolítica do final do século XX para o XXI significou um conjunto de transformações no Oriente Médio resultando em diversas guerras ainda em andamento.

A partir desse atentado, o governo de George W. Bush declara Guerra ao Terror e estabelece o “Eixo do Mal”, lista com países que, possivelmente, teriam vínculos com organizações terroristas. Depois da Primeira Guerra do Golfo, o regime de Saddam Hussein não caiu e a necessidade de dominar territorialmente a região continuava presente. Assim, o governo americano aproveitou o plano de fundo do terrorismo para realizar uma segunda invasão no Iraque. Com o apoio do Reino Unido, e contra a decisão da ONU, os Estados Unidos invadem o Iraque alegando uma suposta produção de armas químicas de destruição em massa. Os países muçulmanos consideram o ataque como uma guerra contra o islamismo e a instabilidade na região só cresceu. O líder Saddam Hussein foi capturado por tropas norte-americanas e entregue à justiça iraquiana, sendo julgado e condenado à morte em 2006. Somente em 2011, o presidente Barack Obama iniciou a retirada de soldados do Iraque, sem que a situação política estivesse pacificada.

 

México e a fronteira com os Estados Unidos

A proximidade geográfica entre EUA e México, duas nações com grande disparidade econômica, abre uma série de possibilidades de comércio e oportunidades. Para os EUA, trata-se de disponibilidade de terras e mão de obra barata, além de poder colocar partes de sua indústria nesse país, utilizando também suas matérias primas.  As indústrias americanas no México chamamos de maquiladoras, que se instalam sobretudo no norte do México, causando uma desigualdade regional.

As fronteiras são regiões de divisão, mas também são os pontos de contato de maior interação. A cidade de Tijuana é uma grande expressão desse fenômeno. A disparidade de renda é grande entre as duas nações, de modo que há um movimento migratório assimétrico de mexicanos para os Estados Unidos.

 De qualquer modo essa relação econômica se concretiza a partir do fechamento do NAFTA (1994-2018). Trata-se de um bloco econômico, do tipo de Zona de Livre Comércio, que busca facilitar a livre circulação de mercadorias e capitais dentro dos limites do bloco, estabelecendo uma tarifa interna comum (TIC). O Nafta, atualmente denominado UMSCA, é um grande exemplo. O NAFTA foi, portanto, a Zona de Livre Comércio entre Canadá, EUA e México, mas teve uma reformulação no governo Trump em 2017, de modo a ressaltar em suas decisões a diferente relação entre EUA e Canadá e entre EUA e México. Para ele, o NAFTA era responsável pela perda de empregos americanos nas manufaturas que iam para o México, de modo a perder a competitividade do setor dentro do território norte americano. Ele adiciona pontos portanto protecionistas para sua indústria. Das alterações, tivemos medidas vetando impostos sobre produtos digitais, aumentando barreiras sobre propriedade intelectual, no setor automotivo estabelecendo que pelo menos 75% das peças dos automóveis produzidas nos três países, dentre outras medidas.

 Além disso existe a questão da xenofobia. Nos EUA a população de latinos sofre muita discriminação. Por serem imigrantes, nem sempre legalizados, são oferecidos a essa população os empregos mais precários. Assim, mesmo os latinos que estão legalmente no país e conseguem contrariar as adversidades e obter sucesso profissional são estigmatizados e passam por preconceito. Sobre o papel profissional deles nos EUA, é importante frisar que mesmo com toda a repressão, barreiras, xenofobia e tentativas de conter a presença dessa população no país, eles são muito presentes na população e cultura, e contribuem muito para a economia americana. Um importante marco foi o “Dia sem Latinos”, no qual uma greve mostrou a importância deles para o funcionamento do mercado americano.