Questão 1: Luta de classes
Questão 2: Diferenças entre as classes
Questão 3: Marx e Weber
Questão 4: Estratificação Social
Questão 5: Diferenças entre Marx e Weber
Questão 6: Conflito entre classes
Questão 7: Capitalismo
O termo estratificação origina-se da palavra estrato, que significa camadas. Por sua vez, a expressão estratificação social designa o ato de distribuir em camadas pessoas ou grupos de forma hierárquica, de acordo com suas situações financeiras, relações de poder (quem manda ou é mandado) ou mesmo de suas responsabilidades profissionais dentro da sociedade. É importante salientar, que nas sociedades capitalistas contemporâneas a posição ocupada pelos indivíduos é, em grande medida, determinada pelo quanto eles possuem, pois, na maioria dos casos, o poder está nas mãos de quem tem dinheiro e as profissões mais bem remuneradas são exercidas por pessoas que conseguiram ter uma boa formação educacional. Já por mobilidade social compreende-se a possibilidade de um indivíduo ascender ou descender de uma determinada camada social, como por exemplo, um pobre tornar-se rico ou um rico torna-se pobre. No entanto, como veremos, nem todo tipo de estratificação permite a mobilidade social.
Existem três tipos de estratificação social, a saber: por castas, por estamento e por classes sociais. Alguns autores discutem a possibilidade de estabelecimento de uma quarta forma de estratificação, a de sociedades escravagistas, defendendo que esta tem características peculiares como dispor de um indivíduo como propriedade, constituindo a forma mais radical de desigualdade. Na estratificação por castas, comum à sociedade tradicional hindu, as camadas sociais estão ligadas a determinadas funções no interior da sociedade e a mobilidade social é impossível, pois o pertencimento a uma casta é determinado pela família da qual se é membro. Na Índia antiga, por exemplo, os brâmanes constituíam a casta mais elevada, responsável pelas funções sacerdotais; por sua vez, imediatamente abaixo deles, estavam os xátrias, que compunham o grupo dos guerreiros. Ora, no sistema de castas não há qualquer tipo de mobilidade social, pois a transferência de casta é proibida e um indivíduo só pode se casar com outro indivíduo da mesma casta. Assim, um brâmane jamais poderia abdicar de suas funções sacerdotais ou ser casada com um xátria.
Na estratificação por estamentos, comum à Idade Média feudal, as camadas da sociedade permanecem sendo associadas a certas funções sociais, porém, neste tipo de estratificação já existe algum tipo de mobilidade social, ainda que difícil. Na Europa medieval, por exemplo, cabia ao clero rezar pela sociedade, à nobreza proteger a sociedade e, aos servos, trabalhar pela subsistência da sociedade. No entanto, havia alguma chance de mobilidade social através da vida religiosa: um camponês, por exemplo, poderia ser ordenado padre e alguns chegaram até mesmo a serem bispos.
Já a estratificação por classes é a existente em nossa sociedade. Nela, a divisão social por camadas deixa de estar tão associada às funções sociais exercidas para estar mais ligada ao poder econômico do indivíduo. Enquanto, no regime de castas, mesmo que um xátria fosse mais rico que um brâmane, ele permaneceria sendo inferior socialmente, pois sua função social era vista como inferior. No regime de estamentos, do mesmo modo, ainda que um burguês fosse mais rico do que um nobre, ele teria menos status socialmente. No sistema de classes, por sua vez, o que importa é o componente financeiro: os mais ricos compõem a classe alta, os mais pobres a classe baixa, e os que estão entre ambos, a classe média.
Naturalmente, por isso mesmo, a estratificação por classes é aquela onde a mobilidade social é maior, pois depende fundamentalmente do dinheiro e não tanto das funções sociais exercidas. No entanto, vale ressaltar que, para que ocorra mobilidade social dentro de uma sociedade, medidas devem ser tomadas para que se diminua a desigualdade social, dando oportunidades aos grupos historicamente desfavorecidos.
Outro ponto importante a se ressaltar sobre estratificação é que vários fatores podem ser considerados na formação da hierarquia social. Segundo Marx, a divisão da sociedade em classes não está ligada a renda (apesar de essa ser determinante no modo de vida que o indivíduo levará) e sim à posição que o indivíduo ocupa nas relações de produção. Se o indivíduo detém o controle dos meios de produção ele é burguês, se o indivíduo tem que vender sua força de trabalho para sobreviver ele é proletário. Já para Weber a estratificação depende não só do fator financeiro, como também do prestígio e poder. Assim Weber mobiliza as esferas da política, da cultura e da economia para estabelecer uma complexa relação entre atributos que posicionarão o indivíduo na hierarquia social, ressaltando que cada momento histórico tem sua dinâmica própria nessa relação, privilegiando um aspecto sobre outro. Outro pensador a formular uma notável análise sobre a estratificação social é Bourdieu. Segundo ele, além de capital financeiro, os indivíduos possuem outros ativos sociais, elementos que podem ser usados nas relações sociais. Esses capitais são o capital cultural (que envolve formação, instrução e outros conhecimentos considerados socialmente relevantes), capital social (que é representado pela rede de pessoas que o indivíduo pode mobilizar para alcançar algum objetivo) e capital simbólico (que representa a efetiva utilização desses capitais no interior do campo simbólico, ou seja, quando os capitais que o indivíduo possui são valorizados num determinado campo). Sendo assim, nas sociedades modernas, a estratificação social pode ser analisadas de múltiplas perspectivas, sendo, obviamente, o aspecto financeiro o mais relevante.