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Métodos de raciocínio

Nesta aula, a professora Carol Achutti explica métodos de raciocínio (dialética)

Conceito

Continuação

Aplicabilidade

Exemplos

Ao longo das últimas aulas, falamos um pouco sobre os métodos de raciocínio lógicos conhecidos como dedução e indução. Você lembra? De fato, precisamos de maneiras para organizar o raciocínio, de forma que a redação do vestibular fique bem clara e objetiva. Os métodos de raciocínio são, então, uma fonte de construção de pensamento muito valiosa para o nosso trabalho na escrita. Porém, nem sempre podemos organizar as ideias apenas por métodos com premissas e evidências. Assim, abordaremos neste material o método dialético para maior ênfase nas construções textuais.

Dialética 

A palavra dialética signfica a capacidade para falar de dualidades, ou seja, contradições. Diferentemente da indução e da dedução, a dialética não se baseia em evidências ou premissas, mas em três elementos muito importantes: a tese, a antítese e a síntese. A tese é sempre uma afirmação inicial em relação ao tema, a antítese é um elemento oposto, contraditório à tese da dialética e, por fim, a síntese é o momento em que as afirmações da tese e da antítese se associam para chegar a uma conclusão de ideias. 

Observe a tirinha abaixo:

Tirinha sobre dialética

Em relação à tirinha, pode-se pressupor a seguinte analogia aos elementos da dialética: a mulher supõe que o homem está completamente bêbado ao vê-lo com uma garrafa vazia nas mãos (tese), por outro lado, ele tenta se defender e justifica que não está completamente bêbado já que não bebeu sozinho, pois estava com a Cláudia (antítese). Assim, a mulher associa as duas afirmações e chega a uma conclusão: o homem está bêbado e estava bebendo com outra pessoa (síntese). Fez sentido? 

Assim, podemos organizar a dialética da seguinte maneira:

Esquema dialética

Agora, como isso funciona na prática? Em um tema de redação em que se pergunte se as adaptações de clássicos no Brasil são válidas ou não, é muito comum encontrar benefícios e prejuízos na sua aplicação. Assim, encontrarmos opiniões favoráveis e contrárias à proposta. Percebe-se, então, que certas coisas/situações/objetos, às vezes, podem ser e não ser ao mesmo tempo. Dessa forma, a dedução, a indução e a não-contradição se tornam limitantes do raciocínio humano, sendo necessário o método dialético. Vamos ver um exemplo? O tema é “A influência da TV na sociedade brasileira do século XXI”:

 É fácil perceber que os efeitos negativos da televisão nascem na difusão de valores como o individualismo e a violência, veiculados por imagens a que estão submetidas muitas pessoas sem senso crítico. Paradoxalmente, esse mesmo meio de comunicação de massa permite um contato com o mundo distante, permitindo ao público ter acesso ao poder da informação. Na verdade, a discussão sobre a influência da TV só fará sentido se for considerado o uso que cada telespectador faz do veículo, o que depende de sua formação prévia, e não do que é reproduzido.

 Note que o tema trata de dois lados da discussão acerca da influência da televisão na sociedade. Por um lado, podemos identificar a difusão de valores negativos, que podem ser prejudiciais (tese). Entretanto, há também um lado positivo que precisa ser levado em conta (antítese). Dessa forma, a discussão se desloca, um impasse é superado: o debate, aqui, não é sobre o que é veiculado nesse meio, mas sobre o uso que se faz dele (síntese). 

Vantagens e desvantagens do raciocínio dialético

Como vantagens do uso do método dialético, podemos destacar, então, superação de um impasse argumentativo e o aprofundamento do argumento, que vai além da discussão acerca dos benefícios e dos prejuízos de algo, por exemplo. Isso mostra que o aluno sabe trabalhar bem os dois lados de uma discussão, o que é muito bem visto pelas bancas de vestibular. Por outro lado, a desvantagem é a dificuldade de construção da síntese, de forma que, se inadequada ou ineficaz, o aluno tende a não tomar um posicionamento. A fim de evitar tal problema, falaremos de dois tipos de síntese que podem te ajudar a não ter problemas e superar esse impasse.

 A síntese conciliadora

O primeiro tipo de síntese é a conciliadora que, como o próprio nome diz, traz harmonia, associação aos elementos que, a princípio, são contraditórios. Na discussão da TV, podemos, por exemplo, concluir que tudo depende do veículo e do programa em questão, afinal, a TV é um meio com múltiplos usos, alguns positivos, outros negativos. Esse seria um exemplo de síntese conciliadora, na qual esclarecemos os termos, mostrando que, de certa forma, não há uma contradição no que está sendo apresentado. Podemos, também, nessa síntese, deslocar a questão, como uma “fuga” à discussão anterior, o que fica muito claro no parágrafo que vimos anteriormente sobre o mesmo tema.

 

A síntese reafirmadora

Já a síntese reafirmadora, o segundo tipo, reafirma a tese apresentada, desbancando o argumento antitético. Dessa forma, apresenta- se um argumento, tenta-se contestar tal argumento com a antítese e, por fim, usa-se a síntese para reafirmar e convencer o leitor da invalidez da antítese. Vejamos o exemplo abaixo:

Em primeiro lugar, deve-se ressaltar que o investimento em educação é fundamental para o nosso país, pois constitui a principal base para o desenvolvimento. Há quem sustente, no entanto, que a “chave” para o sucesso está na escolha de bons administradores como governantes. Os defensores dessa ideia parecem se esquecer de que, por mais capacitada que seja a autoridade governante, o verdadeiro desenvolvimento só ocorrerá com indivíduos realmente qualificados em todos os setores. Esse ideal somente a educação de qualidade permitiria atingir.