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Lampejos de lucidez

Confira a aula sobre os lampejos de lucidez.

Diálogo com o leitor e narrador auto-crítico

A cartada final de Palha

Insistência e delírios de Rubião

O desfecho trágico-cômico de Rubião

Parte final: análise do livro "Quincas Borba"

Em "Quincas Borba", pode-se ver uma ideia fixa por parte de Rubião no sentimento por Sofia, a mulher de seu colega. Nesse sentido, essa noção o leva à loucura, perdendo completamente as rédias sobre suas própria vida. Veja um trecho em que o Major propõe um casamento para Rubião, tentando fazer com que o homem note a sua filha que está solteira e disponível para o homem (Capítulo 79): 

— E por que não? perguntou uma voz, depois que o major saiu. Rubião, apavorado, olhou em volta de si; viu apenas o cachorro, parado, olhando
para ele. Era tão absurdo crer que a pergunta viria do próprio Quincas Borba, — ou antes do outro Quincas Borba, cujo espírito estivesse no corpo deste, que o nosso amigo sorriu com desdém; mas, ao mesmo tempo, executando o gesto do capítulo XLIX, estendeu a mão, e coçou amorosamente as orelhas e a nuca do cachorro, — ato próprio a dar satisfação ao possível espírito do finado. Era assim que o nosso amigo se desdobrava, sem público, diante de si mesmo.

Nesse sentido, é necessário ressaltar que as respostas de Sofia para Rubião eram sempre negativas, contrariando a ideia que o personagem protagonista tinha sobre esse romance impossível. Assim, tudo isso corrobora para que o sentimento de loucura, que vai se desdobrando por parte do leitor, ocorre por essa ambiguidade interpretativa feita pelo homem. 

Diálogo com o leitor 

Veja um trecho do capítulo 106: 

... ou, mais propriamente, capítulo em que o leitor, desorientado, não pode combinar as tristezas de Sofia com a anedota do cocheiro. E pergunta confuso: — Então a entrevista da Rua da Harmonia, Sofia, Carlos Maria, esse chocalho de rimas sonoras e delinqüentes é tudo calúnia? Calúnia do leitor e do Rubião, não do pobre cocheiro, que não proferiu nomes, não chegou sequer a contar uma anedota verdadeira. É o que terias visto, se lesses com pausa. Sim, desgraçado, adverte bem que era inverossímil que um homem, indo a uma aventura daquelas, fizesse parar o tílburi diante da casa pactuada. Seria pôr uma testemunha ao crime. Há entre o céu e a terra muitas mais ruas do que sonha a tua filosofia, — ruas transversais, onde o tílburi podia ficar esperando.

Nesse capítulo é possível perceber uma característica comum de Machado: o diálogo que os narradores estabelecem com os leitores. Machado exige o pensamento crítico dos leitores, que provoquem e saiam da zona de conforto, além de perceberem a ambiguidade existente nas histórias que são contadas em seu romance. Desse modo, vê-se um narrador autocrítico, que reflete sobre os capítulos anteriores e que também traduzem essa análise para quem lê e quem, de fato, faz-se acreditar somente nas ideias de Rubião, sem cogitar a verdade por trás de Sofia. O narrador, então, faz provocações sobre a leitura atenta e pausada, ação necessária para não adentrar unicamente nos pensamentos confusos de Rubião.

Desfecho

 Como já dito, Rubião vai se acometendo pela loucura. Ele crê ser Napoleão III, repetindo a máxima de Quincas "Ao vencedor, as batatas". Por fim, o homem foge para Barbacena e morre, juntamente com o cão de seu falecido amigo. Ao contrário do final trágico do colega, o casal Palha enriquece.