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Classificar para compreender

A professora Amara Moira fala sobre como classificar os estilos para compreendê-los. Confira!

Literatura e sociedade

Relação com outras culturas

Convenções literárias e convivência de tendências

Análise de um poema

Como a época se lê e como lêem as gerações posteriores?

Pensar em estilo de época é, necessariamente, analisar o momento em que a literatura esteve presente, bem como as relações e contextos históricos que fizeram parte de tal produção escrita. 

Desse modo, ao nomear os estilos de época, há uma forma de organizar as tendências e comportamentos sistemáticos que ocorrem em determinados períodos da história literária, de modo a garantir maior sincronia cronológica. Embora o princípio temporal não funcione para todas as obras, há uma certa generalização na forma de se expressar, o que auxilia na conduta do estudo. 

Augusto de Campos, 1965.

Augusto de Campos, 1965.


Assim, ao classificar para compreender, conseguimos:

  • Balizas demarcatórias;
  • Pontos de contato entre autores;
  • Momentos de transformações;
  • Engessamentos e novas leituras

 


Desse modo, é importante pensar na literatura de modo mais amplo, não somente os textos canônicos, mas sim todas as produções escritas que nos afetam, uma vez que faz parte da linguagem da sociedade a relação de expressão. Mapeando as grandes navegações, desafiando a mudança social com a ascensão burguesa e, até mesmo, sendo artefato de resistência em ditaduras, a literatura – bem como  a música – mantiveram sua presença de modo contundente na história da humanidade. 


Pensando em literatura e sociedade, é importante classificar seu poderio quanto às funções presentes nessa forma de arte, atribuídas, muitas vezes, a uma resposta da classe de grandes autores para as denúncias e vivências vigentes. Não somente, ela também pode ser considerada como mecanismo industrial a partir do século XX, ou produto, ao ser incentivadas por grandes produtoras midiáticas, como novelas e filmes. Nesse sentido, é importante prever e analisar a grande intertextualidade presente nos dias de hoje ao linkar a literatura com os processos socioculturais. 


Tais processos podem ser encontrados a partir dos diálogos literários com outras culturas e do encontro de cultivo de formas de expressão. Quanto ao Brasil, embora distantes geograficamente, a metrópole portuguesa, por exemplo, impactou diretamente  a arte da nação latina por mais de 300 anos. Não obstante, com os processos de globalização, a vivência da arte se configura nas influências distintas e no diálogo entre elas. 

 

 

 


Textos de apoio

Texto I
Tanto de meu estado me acho incerto,
Que em vivo ardor tremendo estou de frio;
Sem causa, justamente choro e rio,
O mundo todo abarco e nada aperto.

É tudo quanto sinto, um desconcerto;
Da alma um fogo me sai, da vista um rio;
Agora espero, agora desconfio,
Agora desvario, agora acerto.

Estando em terra, chego ao Céu voando;
Numa hora acho mil anos, e é jeito
Que em mil anos não posso achar uma hora.
Se me pergunta alguém por que assim ando,
Respondo que não sei; porém suspeito
Que só porque vos vi, minha Senhora.

Luís Vaz de Camões.

 


Texto II

"Goza, goza da flor da mocidade

Que o tempo trata a toda ligeireza,

E imprime em toda a flor sua pisada.

Oh não aguardes que a madura idade

Te converta essa flor, essa beleza,

Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada."

Gregório de Matos 


Texto III

Lira II

Porém se os justos Céus, por fins ocultos,

Em tão tirano mal me não socorrem;

Verás então, que os sábios,

Bem como vivem, morrem.


Eu tenho um coração maior que o mundo!

Tu, formosa Marília, bem o sabes:

Um coração..., e basta,

Onde tu mesma cabes.

Tomás António Gonzaga, Marília de Dirceu. 

 

Texto IV

J. M. P. S. 

(da cidade do porto) 

vício na fala 

para dizerem milho dizem mio 

Para melhor dizem mió 

Para peor pió 

Para telha dizem têia 

Para telhado dizem teado 

E vão fazendo telhados 

Carlos Drummond de Andrade.