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Toda língua viva deve apresentar variações

Nesse video, a professora Lucia Deborah descomplica as razoes para que um lingua apresente variacoes e a maneira como isso acontece.

Os tipos de variação linguística

Situações formais e informais

Normas de conduta da língua

As normas (no plural!)

Resumindo a linguagem

Variação linguística é o modo pelo qual a língua se diferencia dentro do seu próprio sistema. Esta diferença pode ser histórica, geográfica ou sociocultural. Vemos que a língua não é única, que o sistema linguístico abriga diversos ângulos na realização linguística. Observamos a diferenças na fala que se relacionam à idade, à região do país, à cultura e até mesmo ao estilo. Se prestarmos bastante atenção, perceberemos que a variação acontece nos mais variados segmentos da língua, como o fonético, o sintático, o léxico, o semântico etc. Tudo isso também configura a evolução da língua, o seu desenvolvimento e sua adaptação através do tempo e das mudanças sociais.

A área de estudo que busca entender e descrever as diferentes manifestações linguísticas em um mesmo idioma chama-se sociolinguística. O pesquisador dessa área busca verificar entre os falantes de determinadas línguas diferenças nos modos de falar de acordo com quatro níveis:

Variação diacrônica
A língua varia no tempo e essa variação passa a ser notada ao comparar dois estados de uma língua. O processo de mudança é gradual, ou seja, não acontece de repente. Uma língua muda porque é falada segundo os costumes, a cultura, as tradições, a modernização tecnológica e o modo de viver da população, que estão sempre em constante processo de mudança devido ao tempo. Por isso, as mudanças da língua podem ser percebidas com o contato com pessoas de outras faixas etárias e com textos escritos ou falados de outras épocas.
O pronome tu, por exemplo, antigamente, era o único pronome de segunda pessoa do singular; entretanto, com o tempo, outras formas de tratamento surgiram, como Vossa Mercê e Vossa Majestade. A palavra “vossa mercê” se transformou sucessivamente em “vossemecê”, “vosmecê”, “vancê” e “você”. Além disso, ao longo do tempo, algumas palavras tiveram alteração na pronúncia, mas não na escrita, enquanto um mesmo som pode ser apresentado com diferentes representações.

Variação diastrática

A língua varia de acordo com fatores sociais. A variação social está relacionada a fatores como faixa etária grau de escolaridade e grupo profissional e é marcada pelas gírias, jargões e pelo linguajar singelo, já que são aspectos característicos de certos grupos.

  • Fator etário: A idade dos participantes da comunicação é um dado relevante, já que, a partir dela, serão feitas escolhas linguísticas diferentes. Isso é visível na comparação entre um jovem e uma pessoa mais velha, em que cada um usará vocábulos mais comuns à sua geração.
  • Fator da escolaridade: Este fator se liga a uma categoria essencial, que é a educação. Na escola, aprende-se a usar a língua em situações formais de acordo com a “norma padrão” ou “norma culta”. Esta norma está ligada ao conjunto de usos e costumes linguísticos que rege qualquer língua e é tão indispensável quanto as variações linguísticas: se na fala escolhe-se um vocabulário coloquial, menos preocupado com as regras gramaticais, na escrita deve-se optar pela linguagem padrão, pois um texto repleto de expressões informais pode não ser acessível para todos os tipos de leitores.
  • Fator profissional: Cada grupo profissional possui um conjunto de nomes e expressões que se ligam à atividade desempenhada; ou seja, essa fator trata do jargão típico de cada área. O campo do Direito, por exemplo, utiliza palavras relacionadas a leis, a artigos e a determinados documentos, assim como a área da Medicina utiliza um vocabulário que apenas os médicos são capazes de entender.

Variação diatópica
A língua varia no espaço pois pode ser empregada diferentemente dependendo do local em que o indivíduo está. A variação diatópica diz respeito justamente às diferenças linguísticas que podem ser vistas em falantes de lugares geográficos diferentes. Por isso, é mais observada em locais diferentes mas com falantes da mesma língua. A macaxeira, por exemplo, muito consumida no Norte e no Nordeste, é chamada de aipim ou mandioca no Sudeste. Outro exemplo é a palavra “mexerica”, que, em algumas regiões, é conhecida como “bergamota” e, em outras, como “tangerina”. No entanto, essa variação não se trata apenas de uma variação no léxico: questões fonéticas e gramaticais também são amplamente consideradas. No que se refere à sintaxe, nota- se que é grande a recorrência de alguns termos sintáticos, como, por exemplo, “vou não” em vez de “não vou” e “é não” em vez de “não é”. São diversos os exemplos desse tipo de variação. Muitos deles são apropriados pelas diferentes regiões,
tratando-se apenas de variações bem-conhecidas. No entanto, há casos de desconhecimento e dificuldade de comunicação devido à divergência dos termos para um mesmo significado.

Variação diafásica
A língua varia de acordo com o contexto comunicativo, isto é, a ocasião determina o modo de falar, que pode ser formal ou informal. Esta variação, portanto, refere-se ao registro empregado pelo falante em determinado contexto interacional, ou seja, depende da situação em que a pessoa está inserida. Em uma palestra, por exemplo, um professor deve utilizar a linguagem formal, isto é, aquela que respeita as regras gramaticais da norma padrão. Por outro lado, em uma conversa com os amigos, esse mesmo professor pode se expressar de forma mais natural e espontânea, sem a obrigação de refletir sobre a utilização da língua de acordo com a norma culta. Nesse mesmo sentido, deve-se reforçar que a linguagem usada na internet e em um texto formal deve ser diferenciada: enquanto, na internet, é permitido o uso de abreviações e o uso de “pra” no lugar de “para”, em uma redação, isso é proibido, uma vez que é um texto que exige a norma culta da língua.