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Conceituação

Iniciando o módulo, o professor Diogo explica o que é a intertextualidade e apresenta a primeira questão (UERJ).

Alusão ao Romantismo

Paródia

Ditados populares

Reiteração de imagens

Aviso da parte 2

A intertextualidade é um fenômeno linguístico, no qual há influência de um texto sobre outro que o toma como modelo ou ponto de partida. É importante ressaltar que essa referenciação é feita de modo implícito, ou seja, não há indicação do autor e da obra original, pois pressupõe que o leitor compartilhe um mesmo conjunto de informações a respeito de obras que compõe determinado universo cultural. Os dados utilizados podem ser de textos literários, mitológicos, históricos e culturais.

Veja abaixo um exemplo de intertextualidade:

Paráfrase

Carlos Drummond de Andrade optou pela paráfrase, isto é, o tipo de intertextualidade na qual retoma-se a ideia inicial e reproduz-se partes do texto original com outras palavras. Quando o cara é gênio não tem medo, faz paráfrase. Veja:

Nova Canção do Exílio

Um sabiá
na palmeira, longe.
Estas aves cantam
um outro canto.

O céu cintila
sobre flores úmidas.
Vozes na mata,
e o maior amor.

Só, na noite,
seria feliz:
um sabiá,
na palmeira, longe.

Onde é tudo belo
e fantástico,
só, na noite,
seria feliz.
(Um sabiá,
na palmeira, longe.)

Ainda um grito de vida e
voltar
para onde é tudo belo
e fantástico:
a palmeira, o sabiá,
o longe.

(Carlos Drummond de Andrade)

Canção do exílio
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar — sozinho, à noite —
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
(Gonçalves Dias)

Você reconhece alguma semelhança entre os dois textos? Carlos Drummond de Andrade optou pela paráfrase, isto é, o tipo de intertextualidade na qual retoma-se a ideia inicial e reproduz-se partes do texto original com outras palavras. Quando o cara é gênio não tem medo, faz paráfrase.

Paródia

A paródia, diferentemente da paráfrase, consiste em um tipo de intertextualidade em que se subverte ou distorce a ideologia do texto original, normalmente com objetivo irônico. Observe o texto abaixo:

Minha terra tem macieiras da Califórnia
onde cantam gaturamos de Veneza.
Os poetas da minha terra
são pretos que vivem em torres de ametista,
os sargentos do exército são monistas, cubistas,
os filósofos são polacos vendendo a prestações.
A gente não pode dormir
com os oradores e os pernilongos.
Os sururus em família têm por testemunha a Gioconda.
Eu morro sufocado
em terra estrangeira.
Nossas flores são mais bonitas
nossas frutas mais gostosas
mas custam cem mil réis a dúzia.
Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade
e ouvir um sabiá com certidão de idade!

(Murilo Mendes)

O texto acima também faz referência à “Canção do exílio” de Gonçalves Dias, mas Murilo Mendes, poeta modernista, alterou o sentido do texto original, deu um tom mais crítico à poesia e colocou uma pitada de ironia. Essas são características de uma paródia, que nada mais é que a intertextualidade das diferenças.

Citação

De acordo com o dicionário Caldas Aulete, a citação “é uma frase ou passagem de obra escrita, reproduzida geralmente com indicação do autor original, como complementação, exemplo, ilustração, reforço ou abonação daquilo que quer dizer”. Assim, pode-se perceber que a citação é uma intertextualidade que ocorre quando um autor transcreve um trecho de um texto de outro autor no próprio texto. Geralmente, a citação é marcada pelo uso de aspas duplas. Observe o texto abaixo: