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Renascimento Comercial e Urbano: novas técnicas agrícolas

O Feudalismo segue uma linha cronológica de mais de mil anos e é subdividido em três partes: Alta Idade Média, Idade Média e Baixa Idade Média, sendo esta última o período mais recente.

Renascimento Comercial e Urbano: o surgimento da burguesia

As Cruzadas

A Crise do Século XIV

As cruzadas e o renascimento comercial e urbano.

Apesar das invasões húngaras, árabes e vikings se manterem ao longo dos séculos IX e X, em comparação com as disputas territoriais do início da Alta Idade Média, a Europa vivia neste momento uma fase muito mais segura. As alianças realizadas entre os feudos e a proteção dos cavaleiros garantiu uma maior estabilidade para os senhores e servos. No entanto, a condição estável e a redução dos saques e invasões garantiram também um crescimento demográfico neste período. Este aumento da população proporcionou um inchaço dos feudos, que não conseguiu proporcionar alimentação para todas as pessoas e ainda precisava se esforçar cada vez mais para submeter tantos servos aos tributos e opressões.

Apesar de inovações técnicas terem facilitado a produção agrícola neste período, como os moinhos hidráulicos, os arados de ferro e as técnicas de rotação de cultura, essas novidades foram insuficientes para garantir uma produção que atendesse as necessidades da população desses séculos. Este cenário, portanto, provocou um deslocamento de massas de camponeses e cavaleiros que, expulsos de suas terras, passaram a vagar entre feudos ou a vadiar em busca de trabalhos temporários e pequenos saques. Nessa conjuntura, apesar de muitos ainda vagarem pelos bosques e terras vazios, outros decidiram se aventurar nas antigas ruínas do Império Romano e reocupar as cidades abandonadas.

Esse processo de crescimento demográfico e de êxodo marcou o início da Baixa Idade Média e deu origem ao que conhecemos como a crise do feudalismo. Tendo em vista esse cenário, que além da miséria europeia ainda contava com a expansão árabe, um movimento religioso com apoio da nobreza surgiu tentando conciliar soluções para os dois problemas. As chamadas cruzadas, portanto, tinham como objetivo reconquistar a cidade sagrada de Jerusalém (dominada pelos turcos desde o século VII), expandir a fé cristã, penetrar novamente o catolicismo romano no Império Bizantino e, por fim, resolver o problema do crescimento demográfico e da miséria na Europa.

Assim, essa população miserável e os cavaleiros errantes que antes causavam problemas para nobres e para a Igreja, a partir de agora seriam a solução para outros problemas. Enfim, em 1095, o Papa Urbano II, em um discurso no Concílio de Clermont convocou os cristãos para as expedições rumo ao oriente, prometendo indulgência plena a todos que lutassem e morressem nesta “guerra santa”. , Urbano II acabou reunindo nas marchas cruzadistas de poderosos reis a cavaleiros miseráveis, que buscavam uma oportunidade de melhorar suas vidas.

Ainda que as cruzadas não tenham solucionado muitos desses problemas, sobretudo o da quantidade de miseráveis vagantes, ela acabou abrindo caminhos para outras questões. As marchas cruzadistas além de reconquistarem novos territórios, também foram fundamentais para a abertura de antigas rotas comerciais, dominadas pelos árabes, pelo estabelecimento de postos comerciais, que garantiram um ressurgimento das cidades e, enfim expandiram a fé cristã.

Uma outra importante conquista das cruzadas também foi a retomada das rotas comerciais do mediterrâneo, dominada pelos muçulmanos desde o século VIII, isolando a Europa. As cruzadas, portanto, abriram caminhos para o acesso a importantes centros comerciais da região, como Veneza, Gênova e até mesmo Constantinopla. Visto isso, podemos perceber que as cruzadas foram fundamentais para desenvolver um processo que já se iniciava há anos na Europa, o de renascimento comercial e urbano.

Cansados das opressões feudais e sem perspectivas vagando em territórios isolados, muitos servos e camponeses se deslocaram para a vida nas pequenas cidades que se formavam, trabalhando como artesãos ou comerciantes e estimulando a realização de feiras e do comércio. Essa nova vida promoveu, enfim, a possibilidade de uma ascensão econômica para muitas pessoas que passaram a depender dessas atividades.

Enfim, dois grandes polos comerciais, durante a Baixa Idade Média, estabeleceram-se na Europa, um na Itália com as ricas cidades mediterrâneas e o outro germânico, com a Liga Hanseática, no norte da atual Alemanha, controlando o comércio da região. A poderosa estrutura comercial que se estabeleceu possibilitou inclusive o enriquecimento de indivíduos, que passaram a empregar outros funcionários de forma assalariada, controlar rotas comerciais, dominar o mercado e, consequentemente, fortalecer uma nova classe que ascendia: a burguesia.

 

A crise do século XIV.

Se a crença na chegada eminente do fim do mundo assolava os cristãos durante o ano 1000, a crise do século XIV representou para a Europa quase um apocalipse atrasado. Durante este século, a população europeia enfrentou não só as guerras que já estava acostumada, mas também sofreu com a fome causada pelas más colheitas e pelo fechamento de rotas comerciais por batalhas e, enfim, conheceu a chamada peste negra.

Em 1915, intensas chuvas no noroeste da Europa dificultaram a produção agrícola da região, causando uma crise de abastecimento no continente. Para piorar, alguns anos depois os alimentos e produtos que atravessavam as novas rotas comerciais começaram a sofrer com o bloqueio dos caminhos ocasionado por batalhas, como a Guerra dos Cem anos, entre 1337 e 1453. Esse cenário caótico de más colheitas e bloqueio comercial acabou gerando a chamada grande fome do século XIV.

Com a fome e as guerras assolando a maior parte da Europa, um novo problema também surgiu neste período para ampliar o número de mortos e devastar 1/3 da população europeia: a peste negra. Na época, com uma medicina incipiente e com poucos estudos sobre a questão, não havia medicamentos ou tratamentos eficazes contra a doença e nem mesmo uma informação exata sobre os motivos reais da peste negra, sendo genericamente associada à grande população de ratos que circulavam pelas cidades reocupadas. No entanto, a verdadeira causa da peste, descoberta graças aos estudos da microbiologia no século XIX, estaria nas pulgas que transmitiam a doença.

Essa conjuntura de fome, doenças, guerras e mortes, somados à vida precária e submissa de servos no campo acabou sendo o estopim para diversas revoltas na Europa e, naturalmente, para o desgaste do próprio feudalismo. Um grande exemplo dessas revoltas que apavorou senhores feudais na Europa foi a chamada jacquerie, que estourou no norte da França em 1358. Cerca de 20 mil camponeses foram mortos pelo exército francês após se rebelarem contra as opressões sofridas e contra os problemas que abatiam a população local. Este movimento acabou dando o nome de jacquerie para diversas outras manifestações camponesas do período.