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A dádiva do Nilo

O professor Rogério fala sobre a dádiva do Nilo, confira!

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Para bom entendedor

O Egito e o Nilo

Assim como as sociedades que se desenvolveram ao redor dos rios Tigre e Eufrates, na África, povos anteriormente nômades passaram a ocupar as margens do rio Nilo e desenvolver uma sociedade hidráulica e agrária graças as cheias do rio. Tendo em vista que o norte da África possui um clima árido e regiões desérticas, o rio Nilo, como afirmou o grego Heródoto, tornou-se a “dádiva do Egito”.  Para compreendermos o desenvolvimento dessa civilização, podemos dividir a história do Egito em 3 fases: o Antigo Império (3200 a.C. – 2100 a.C.), o Médio Império (2100 a.C. – 1580 a.C.) e o Novo Império (1580 a.C.-715 a.C.).

O Antigo Império (3200 a.C. – 2100 a.C.).

Antes das formações dinásticas do Egito, as civilizações que viviam na região já desenvolviam muitas tecnologias e técnicas fundamentais para o estabelecimento da agricultura e para o uso das águas do rio Nilo. Esse desenvolvimento também culminou na própria divisão da sociedade em “nomos” e, posteriormente, na formação de cidades e de um império com um governo centralizado na figura do Faraó. Por volta de 3500 a.C., enfim, dois reinos haviam se formado na região, sendo eles o Alto Egito, ao sul e o Baixo Egito, no Norte.

Apesar de ainda ser algo controverso e da existência do Faraó Menés não ser amplamente aceita, estima-se que mais ou menos em 3.200 a.C. este Faraó teria unificado os dois territórios e iniciado os períodos dinásticos do Antigo Império. O novo Faraó passou a ser cultuado como um deus, em um regime conhecido como monarquia teocrática, centralizou o governo dos nomos e desenvolveu ainda mais os aparatos de controle sobre o rio Nilo, burocratizando o acesso às tecnologias, à terra e desenvolvendo o modo de produção.

Sobre essa questão, vale destacar que, quem controlava as terras e a exploração das tecnologias usadas para canalização do Nilo, para a irrigação, para a drenagem e para o aproveitamento das enchentes era o Estado e uma elite local. Visto isso, o Estado aproveitava a mão de obra que trabalhava nas terras e nas obras públicas em um regime de servidão coletiva. Assim, apesar de utilizarem a terra para a subsistência de suas famílias, estes servos deveriam pagar ao Estado tributos em forma de dinheiro, mercadoria, excedente de produção ou mais trabalho pelo uso da terra. Essa forma de relação social desenvolveu classes sociais distintas e foi muito comum em regiões como o Egito e a Mesopotâmia, sendo conhecido como o Modo de Produção Asiático.

Graças ao trabalho dessas pessoas, o Egito viveu um grande período de desenvolvimento político, econômico e cultural e, durante a terceira e a quarta dinastia, sobretudo no poder dos faraós Seneferu (2613 – 2589 a.C.) e Queóps (2589 – 2498 a.C.) o Antigo Império viveu seu auge, com a construção inclusive de grandes pirâmides e monumentos arquitetônicos. Essas obras, apesar de terem um importante significado político, pois demonstrava o poder de seus Faraós, eram utilizadas como túmulos para Faraós e nobres. Os egípcios, politeístas, acreditavam que com a mumificação e o enterro dos Faraós ao lado de seus pertences, o corpo divino do líder estaria protegido pela pirâmide e pronto para uma possível reencarnação no futuro, segundo os ideais religiosos.

Vale destacar que, graças à prática da mumificação, os egípcios também foram fundamentais para o desenvolvimento de noções anatômicas, de componentes químicos e de uma medicina antiga muito rica. Assim como, a construção das pirâmides levou à descoberta de noções matemáticas e ao desenvolvimento de técnicas de arquitetura avançadíssimas.

 

Médio Império (2000 a.C. – 1580 a.C.)

Por volta de 2300 a.C., o Antigo Império passou a conviver com séculos de instabilidade política e econômica, marcada pelas secas, pela fome e por pestes. Neste período, a crise levou ao enfraquecimento do Faraó e ao fortalecimento de nobres locais, nos antigos nomos, chegando ao fim o Antigo Império.

Apenas em 2061 que o império retomou a centralização do poder com o faraó Mentuhotep II (2061 a.C. – 2010 a.C.), que derrotou os líderes das nomas e transformou Tebas na nova capital do império. No entanto, apesar da vitória, os constantes conflitos entre o faraó e os nomarcas permitiu o enfraquecimento dos egípcios e, posteriormente, o início de uma forte invasão estrangeira, com os hebreus e os hicsos. A ocupação dos hicsos durou quase dois séculos e sacramentou o fim do chamado Médio Império.

 

Novo Império (1580 a.C. – 525 a.C.)

A unidade política foi resgatada novamente por volta de 1580 a.C., com a insurreição dos egípcios contra os hicsos, que marcou enfim o início do Novo Império. Os hebreus, que também haviam penetrado na civilização egípcia, foram escravizados com a derrota dos hicsos, mantendo-se nesta condição de cativeiro até a fuga em 1250 a.C.

Foi neste período que se consolidou no Egito a estrutura social mais complexa dessa civilização: no topo, o Faraó era uma figura divina e representava o Estado, abaixo, entre os nobres, encontrava-se o Vizir, que era indicado pelo Faraó para cuidar da administração do Estado, e os sacerdotes, responsáveis pelas questões religiosas. Nas classes intermediárias, além dos soldados, existiam os escribas, responsáveis pela contabilidade, por registros e fiscalizações no reino. Por fim, dentre as classes mais baixas estavam os artesãos, os comerciantes, os camponeses e, na base os escravizados.

Uma das principais características deste período foi o desenvolvimento bélico e a expansão egípcia para novas terras, conquistando regiões ao sul, próximo ao Sudão e ao leste, próximo à Mesopotâmica com Tutmés III (1480 a.C. – 1448 a.C.) e, com Ramsés II(1292 a.C. – 1225 a.C.) chegando inclusive na Ásia. Essa expansão garantiu o domínio de outros povos, a conquista de escravizados uma era de muita riqueza para o Novo Império.

Entretanto, apesar das diversas conquistas no exterior, internamente o império mais uma vez ruía graças aos conflitos entre nobres e sacerdotes. Por volta de 1100 a.C., mais uma vez o Egito voltou a se fragmentar em dois reinos, o que foi crucial para o enfraquecimento desta civilização e a posterior conquista do Egito por outros impérios que cresciam ao redor, como o macedônico e o romano. 

 

 

Mesopotâmia, a “terra entre rios”. 

A região da Mesopotâmia (palavra que em grego significa “entre rios”) marca um processo histórico de sedentarização da humanidade. Os antigos grupos humanos que habitavam aquele território costumavam viver como nômades, sem lugar fixo, no entanto, a ocupação da região ao redor dos rios Tigre e Eufrates permitiu uma experiência revolucionária, que estabeleceu Cidades-Estados, uma agricultura estável e a construção de importantes tecnologias e técnicas para aproveitar a água da região.

A escolha da Mesopotâmia para a ocupação está relacionada a larga faixa de terra fértil que vai do rio Nilo ao Golfo Pérsico, permitindo acesso à água, fácil agricultura e uso das cheias para irrigação. Assim, a geografia da região influenciou diretamente na formação de sociedades hidráulicas, que dependiam profundamente das cheias dos rios e do que as águas poderiam fornecer.

 

 

As civilizações da mesopotâmia:

 

1. Sumérios:

Foram os primeiros povos a habitarem a Mesopotâmia aproximadamente em 4.000 a.C., migrando principalmente da região conhecida hoje como o Irã. Os sumérios se estabeleceram na região fundando cidades como Quish, Ur, Uruk, Nipur e Lagash, que, segundo achados arqueológicos, demonstram um impressionante desenvolvimento urbano, com complexas formas de administração e organização para o período. Os sumérios também desenvolveram ricas técnicas de arquitetura, engenharia e escrita, construindo enormes templos como os zigurates (templos de poder político e religioso), armazéns, técnicas de irrigação e plantio e até mesmo a escrita cuneiforme.

2. Acádios:

Com o enfraquecimento Sumério depois de muitas disputas internas, outros grupos que habitavam a região, principalmente vindos da Síria, passaram a invadir as cidades construídas na Mesopotâmia. Por volta de 2500 a.C., esses grupos absorveram os conhecimentos sumérios e desenvolveram novas formas de ocupar a região, construindo a cidade conhecida, como Acad. Com a conquista realizada, o rei Sargão I unificou as antigas cidades e fundou o Império Mesopotâmico.

 

3. Amoritas – Primeiro Império Babilônico:

Os povos amoritas foram os sucessores dos acádios na ocupação da região mesopotâmica. Os amoritas ocuparam inicialmente a região da Babilônia, mas, com o reinado de Hamurabi (1728-1686 a.C.) logo se espalharam por todo o Golfo Pérsico, fundando o I Império Babilônico.

Hamurabi também foi responsável pela criação de um conjunto de leis conhecidas como o “Código de Hamurabi”, sintetizadas pela frase “Olho por olho, dente por dente”. Na lei, aquele que cometesse um crime, seria condenado com uma pena semelhante ao crime que cometeu. A antiga Babilônia também se tornou um importante centro comercial na antiguidade e uma referência urbana e arquitetônica para a época.

 

4. Assírios - Império Assírio:

Semitas que viviam na região norte da Mesopotâmia e assumiram o poder após a queda dos amoritas. Os assírios ficaram conhecidos pelo Estado forte e centralizado e pela militarização dessa civilização. Eram cruéis e utilizavam técnicas inovadoras no combate, destacando o uso de armas de ferro, cobre e estanho, que garantiram grandes vitórias e a conquista de escravos, base de trabalho dessa sociedade. Apesar o desenvolvimento, sucessivas crises internas permitiram que o Império Assírio fossem derrotado pelos povos Caldeus.

 

5. Caldeus - Segundo Império Babilônico: 

Em 612 a.C. os Caldeus e os Medos iniciaram ataques à Nínive, capital do Império Assírio, e conquistaram o território, fundando o Segundo Império Babilônico. Foi o rei Nabucodonosor (605 – 563 a.C.), com um poder centralizado, quem transformou a capital Babilônica novamente em um importante centro comercial, criando fortalezas militares, investindo em obras públicas e na construção os famosos Jardins suspensos e o zigurate conhecido como Torre de Babel.