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O Fim da URSS e o Surgimento da Rússia

Neste vídeo, o professor Hansen explica um pouco do passado geopolítico da URSS – antecessora da atual Russia.

A Crise de transição para o capitalismo

Crescimento Econômico Russo

Importância no BRICS

Posição na ONU

Fim da URSS

fim da Guerra Fria esteve diretamente ligado ao fim da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), em 1991, ainda que, nas décadas passadas, as potências já discutissem caminhos mais pacíficos e a possibilidade de coexistência. Em um contexto mais amplo, uma grande crise econômica na URSS, rebeliões e protestos por democracia na Alemanha Oriental e nos outros países satélites da Rússia, desde o final da década de 1960, foram minando o governo da URSS até o ponto de ruptura nos anos de 1980.

Para tentar manter a unidade, Mikhail Gorbachev lançou dois pacotes de reformas, conhecidos como Glasnost e Perestroika, que buscavam, respectivamente, uma maior transparência política nas decisões da URSS, e uma reforma econômica buscando maior abertura de mercado. As reformas possibilitaram a abertura para a saída de países do bloco socialista, que começaram uma fuga em massa da União Soviética, como a Polônia, Hungria, Romênia, Bulgária, entre outros, inclusive a Rússia, que foi retirada do bloco por Boris Yeltsin.

Posteriormente, Gorbachev dissolveu oficialmente a União Soviética, terminando com anos de bipolaridade mundial. A queda do sistema socialista permitiu, assim, a expansão do neoliberalismo e da economia de mercado no Leste Europeu, antes sob domínio da URSS. Inúmeros países com representação independente surgiram e a antiga Iugoslávia foi dissolvida após sangrentas guerras, dando origem a novos países.

Show do Metallica em Moscou, Rússia, 1991.

Fonte: https://br.pinterest.com/
 

A crise de transição para o capitalismo

Após a queda da União Soviética, os Estados Unidos se transformaram na principal economia do mundo e aumentaram ainda mais sua influência mundial. A Europa, por sua vez, apostou em um ousado bloco de livre circulação de mercadorias e pessoas, a União Europeia. Tais países representavam as maiores economias do mundo, também com o Japão, e defendiam a adoção do neoliberalismo, doutrina caracterizada pelo Estado mínimo, isto é, a menor intervenção possível do Estado na economia.

Com isso, Boris Yeltsin, primeiro presidente da Rússia após o colapso da União Soviética, inicia todo um projeto de modernização econômica seguindo as ideias básicas do neoliberalismo, como a desregulamentação do mercado e grandes privatizações. Inserida nessas novas regras de mercado, a Rússia observou uma das piores crises econômicas da sua história, acompanhada de uma crise política. Nesse contexto, o país observou um crescimento significativo dos índices de pobreza, necessitando de ajuda econômica de diversos outros países. Em 1999, incapaz de guiar a Rússia nesse caminho, Boris Yeltsin renuncia ao cargo, assumindo Vladimir Putin, então vice-presidente. De 2000 até hoje, de alguma forma, Vladimir Putin esteve na liderança da Rússia e é um marco na recuperação econômica do país.

Inauguração do primeiro McDonald`s na Rússia

Fonte: https://www.hypeness.com.br
 

Recuperação econômica da Rússia e sua importância nos BRICS
 

Sendo a década de 1990 um período de transição, o início do século XXI foi um período de grande crescimento econômico. A Rússia conseguiu multiplicar seu PIB por pelo menos 12 vezes nesse contexto. Vladimir Putin conseguiu organizar as riquezas do país, como o gás natural, o petróleo e os solos férteis, em um projeto econômico bem-sucedido. A expansão da rede de gasodutos, ampliando a disponibilidade desse recurso para a União Europeia, e o contínuo aumento do preço das commodities minerais e agrícolas durante a primeira década desse século garantiram um grande crescimento econômico para o país, possibilitando a reeleição de Putin como primeiro-ministro, presidente e novamente como primeiro-ministro.

Esse crescimento no contexto das commodities deve ser logo associado aos BRICS, colocando a Rússia como país emergente ao lado de Brasil, Índia, China e África do Sul. O termo BRIC foi criado em 2001 por Jim O’Neill, destacando possíveis economias emergentes, como o Brasil, Rússia, Índia e China, que apresentariam grande crescimento econômico nas próximas décadas. Em 2009, os chefes de Estado desses quatro países decidiram criar a “Cúpula do BRIC”, reunindo-se a cada ano para debater assuntos econômicos e geopolíticos de interesse comum. A partir de 2011, a África do Sul foi incorporada ao grupo, que passou a ser denominado BRICS.

As razões para o grande crescimento dessas potências emergentes no início do século XXI são: enorme mercado consumidor, cujo tamanho representa 40% da população mundial, e suas grandes riquezas minerais. Entre 2008 e 2013, essas economias representaram até 50% do crescimento econômico mundial, criando uma polarização com o G7, grupo de países economicamente mais poderosos do mundo, reafirmando o caráter multipolar da Nova Ordem Mundial. É importante destacar que esse crescimento foi puxado, principalmente, pela China, que forçou uma política de crescimento em meio à crise de 2008, causando uma alta das commodities. Como Brasil, Rússia e África do Sul são grandes exportadores de commodities, suas economias foram beneficiadas com a alta desses produtos primários.

Fonte: https://noticias.portaldaindustria.com.br/
 

Posição da ONU

Tal recuperação econômica e o grande crescimento no século XXI possibilitaram à Rússia recuperar parte de sua influência geopolítica no mundo, sendo a principal opositora dos Estados Unidos no Conselho de Segurança da ONU. Buscando aliar-se à China, os dois países se tornaram um empecilho às decisões norte-americanas no Oriente Médio e no restante da Ásia. Um grande exemplo disso foram os constantes vetos contra ações americanas na Síria e sua fundamental importância na derrota do Estado Islâmico na região, sendo uma grande apoiadora do Irã e da Síria no combate a esse grupo fundamentalista extremista islâmico.

O xadrez geopolítico da Guerra da Síria - Latuff

Fonte: https://www.planobrazil.com/2013/08/27/analistas-comentam-erros-da-politica-russa-em-relacao-a-siria/amp/

 

Outro caso recente que exemplifica essa ampliação do poder geopolítico da Rússia é o caso da Crimeia, região ao sul da Ucrânia, que foi anexada pela Rússia em 2014. A península da Crimeia possui importância econômica e estratégica, configurando-se como um importante via de ligação entre o Mar Negro e o Mar de Azov, além de ser uma das mais importantes bases militares russas na região. Após problemas internos na Ucrânia e uma maior aproximação com a União Europeia, a Crimeia, de maioria étnica russa, se tornou independente da Ucrânia em um plebiscito não reconhecido pelos Estados Unidos ou pelo bloco europeu. Com isso, os países da União Europeia, além dos Estados Unidos, anunciaram o descontentamento com a decisão, iniciando uma política de articulação de um bloqueio econômico e/ou comercial à Rússia.

Localização da Crimeia e de Sebastopol

Fonte: https://www.defesaaereanaval.com.br/