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A Criação de Israel e a Dimensão Espacial da Palestina

Nesse vídeo, o professor Hansen resolve uma questão que aborda os conflitos entre Israel e os árabes, com destaque para o conflito da guerra dos seis dias, e os desdobramentos que ele trouxe em relação a dinâmica territorial na região.

A Guerra dos Seis Dias

Os Conflitos entre Palestina e Israel

As Tentativas de Paz entre Israel e Palestina

As Características do Conflito entre Israel e Palestina

A disputa por soberania territorial que acontece entre Israel e Palestina, hoje, se dá de forma assimétrica. A Palestina busca o reconhecimento de sua região enquanto um estado formal, tal qual é reconhecido Israel. Entre um povo sem nação e um estado consolidado em conflito, vemos a complexidade histórica da questão.: quando a coexistência de duas verdades legítimas causam um grande conflito territorial que possui suas dimensões religiosas, políticas e bélicas.

Para começar, é importante distinguir alguns conceitos. Na região da palestina, a população possui etinia Árabe, e a religião islâmica, por isso chamados de muçulmanos. Já em Israel, a etinia vem dos Hebreus, enquanto a religião é majoritariamente judaica. Hoje, Israel é um estado consolidado e a população da palestina ocupa uma região chamada de Cisjordânia e parte da Faixa de Gaza, não possuindo a soberania territorial.

A Península da Palestina (também chamada de Península do Sinai) inicialmente foi ocupada pelo povo Hebreu (Judeu), que foi expulso de suas terras pelo avanço do Império Romano, aproximadamente nos anos 70 d.C. Nesse período, houve a forte saída do povo judáico, que passa a se espalhar pelo oriente médio, europa e ásia. Concomitante a isso, o Império Romano, apesar da liderança política conquistada no território, não estabeleceram forte ocupação em todas as terras, deixando brechas em regiões que passaram a ser ocupadas por árabes. Este é apenas o início da história. Se liga nessa linha do tempo para entender os principais acontecimentos:

 

Conflito Israel x Palestina


Durante muitos anos e depois de inúmeras diásporas, os judeus buscavam sua terra santa. No fim do século XIX, surgiu o movimento sionista, que tinha como objetivo criar um Estado judeu na região da Palestina, considerada o berço do judaísmo. Porém, essa região estava ocupada por árabes-palestinos. A partir da segunda metade do século XIX, uma grande quantidade de judeus migrou em massa em direção aos territórios da Palestina, então habitados por cerca de 500 mil árabes.

Essa região é reivindicada pelos judeus por ter sido ocupada por eles até a sua expulsão pelo Império Romano, no século I d.C., iniciando a diáspora (dispersão de judeus pelo mundo). Com a ocupação da área, uma tensão estabeleceu-se entre os povos das duas principais religiões do local, o que desencadeou uma série de conflitos.

Após a dissolução do Império Romano, a região passa a ser dominada pelos Turco Otomanos, ligados aos árabes. Com o fim da era dos Impérios, próximo a Primeira Guerra Mundial, a expectativa era que os árabes continuassem dominando aquelas terras. Porém, com a queda do Império Turco Otomano, a Palestina fica sob o domínio Britânico. A população árabe que ocupava a região desde o século I não almeja sua liberdade enquanto estado independente. Para o Império Britânico, estar presente no Oriente Médio significava uma vantagem geopolítica no uso de recursos naturais, sobretudo o petróleo, então houve uma vontade de negociar.

Concomitante a isso, nesse período, próximo a 1929, alguns judeus que haviam enriquecido na Europa passam a comprar terras na região Palestina, mostrando o início de um processo migratório que se intensificaria. Os Palestinos portanto fazem um acordo com a Inglaterra chamado “The White Paper” ou os documentos em branco (1939). Esse documento conteria os argumentos do povo palestinos e seria retificado pelos Britânicos. Eles pedem portanto o controle efetivo da região e a criação de uma lei proibindo de que judeus comprassem terras ali, já com o receio dessa ocupação, uma vez que cerca de 5% da Palestina já estava sendo ocupada pelos judeus, no início do movimento sionista. Esse acordo foi assinado com otimismo, uma vez que, com isso, o controle da Palestina passaria para os árabes de forma efetiva.

Do outro lado, os judeus que foram expulsos pelo Império Romano ficaram marginalizados em continentes como a Europa, sem território ou estado próprio até a Segunda Guerra Mundial. O antissemitismo começa a crescer na Alemanha e a perseguição e assasinato dos judeus, no nazismo de Hitler com o Holocausto, pode ser considerado o ápice dessa expressão.

Após o final da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), justamente para que esse horror não se repita, há a criação da ONU. Uma das suas medidas iniciais foi criar o Estado de Israel (1948), uma vez que a perseguição que esse povo sofreu, demandava a criação de um estado formal que estivesse em sua defesa. Isso logicamente criou um conflito grave com a Palestina, que nem sequer reconhecia a recém criada ONU. Para agravar, os Britânicos também reconheceram a criação do Estado de Israel, o que foi considerado uma traição para os árabes. Israel naquele momento tinha apoio amplo do ocidente, não são da Inglaterra como dos EUA e da França, enquanto a Palestina recebe apoio amplo do mundo árabe.

A Organização das Nações Unidas (ONU), então encarregada de resolver a situação, estabeleceu um Estado duplo entre as duas nações. Dessa forma, aproximadamente metade do território seria ocupada por cada povo, e Jerusalém, a capital, ficaria sob uma administração internacional. Era a partilha da ONU. No ano seguinte, porém, Israel não aceitou o tratado e declarou independência na região, iniciando o processo de ocupação da Palestina, numa guerra que vai de 1948 a 1949.

O desconforto do mundo árabe com a presença do Estado de Israel tem sua expressão em 1956, quando o Egito tenta nacionalizar o canal de Suéz, que tinha forte influência britânica, mesmo estando no território egípicio, se colocando contra Israel, Inglaterra e França. Essa crise do Canal de Suez, pelo grave contexto da Guerra Fria, foi findada antes mesmo de começar pela questão do petróleo poder afetar a economia do mundo num momento delicado.

 

https://www.esquerdadiario.com.br/Os-arabes-e-os-Judeus-sao-inimigos-desde-sempre

 

Em 1964, foi criada a OLP (Organização para a Libertação da Palestina), liderada por Yasser Arafat, para lutar pelos direitos perdidos por esse povo na região com os acontecimentos então recentes. O principal grupo político da OLP, também controlado por Arafat, era o Fatah, um grupo moderado ainda hoje existente.

A Guerra dos Seis Dias


Com a reação dos países árabes circundantes, que eram contrários à criação do Estado de Israel, teve início a Guerra dos Seis Dias, em 1967. Em apenas seis dias, os israelenses tomaram a Faixa de Gaza e a Península do Sinai do Egito, as Colinas de Golã da Síria, Jerusalém Oriental da Jordânia e a Cisjordânia. Mesmo com a resolução posterior da ONU, em que Israel deveria devolver tais territórios, esses continuaram sob domínio israelense por um bom tempo.

A Guerra do Yom Kippur


Em 1973, teve início a Guerra do Yom Kippur, em que os países árabes derrotados na Guerra dos Seis Dias tentaram reaver seus territórios. Porém, Israel conseguiu uma nova vitória, pois contava com o apoio indireto dos Estados Unidos. Os países árabes da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) realizaram uma grande represália aos Estados Unidos, prejudicando toda a economia mundial: aumentaram os preços do barril de petróleo em 300%, iniciando a primeira crise do petróleo em 1973.

Em 1979, Israel decidiu pela devolução da Península do Sinai para o Egito, após a mediação dos Estados Unidos no sentido de selar um acordo entre os dois países, chamado de Acordos de Camp David. Com isso, os egípcios se tornaram os primeiros povos árabes a reconhecerem oficialmente o Estado de Israel, gerando profunda revolta entre os demais países da região.

No ano de 1987, chegou ao auge a Primeira Intifada, uma revolta espontânea da população árabe-palestina contra o Estado de Israel, quando o povo atacou com paus e pedras os tanques e armamentos de guerra judeus. A reação de Israel foi dura e gerou um dos maiores massacres do conflito, o que desencadeou uma profunda revolta da comunidade internacional em virtude do peso desproporcional do uso da força nas áreas da Faixa de Gaza e da Cisjordânia. No mesmo ano, foi criado o Hamas, que, mais radical, visava à destruição completa do Estado de Israel, ao contrário da OLP, que objetivava apenas a criação da Palestina

 

Em 1993, mediados pelos Estados Unidos, israelenses e palestinos assinaram os Acordos de Oslo, no qual representantes da OLP reconheceram a criação do Estado de Israel. No entanto, atualmente, setores radicais israelenses e palestinos ainda mantêm intensos conflitos pela ocupação da região da Palestina. Existem assentamentos judaicos em zonas árabes, e acampamentos palestinos nas fronteiras com a Cisjordânia que são a expressão atual do conflito territorial.

Palestinos manifestam-se e levam tendas na área da Cisjordânia. (Foto: Baz Ratner/Reuters)Jerusalém quer triplicar assentamentos judaicos em zonas árabes