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Formação dos EUA

Entenda como ocorreu a ocupação da colônia norte-americana no Brasil, a chegada de imigrantes para a ocupação de territórios e o surgimento de uma classe média.

Regiões americanas: Manufacturing Belts

Planícies Centrais dos EUA

Sun Belt Americano

Fronteiras dos EUA: México e Canadá

Doutrina Bush

EUA e a Guerra do Iraque

EUA e o Cenário Geopolítico Atual

EUA e a Crise de 2008

Formação Socioespacial dos Estados Unidos

EUA foi uma colônia britânica. Em 4 de julho de 1776 declaram independência e começou um processo de expansão imperialista americana. A ocupação se dava sobretudo na costa leste. Eram 13 colônias do atlântico, processo de ocupação semelhante ao do Brasil e dos demais países colonizados onde a concentração populacional se dava no litoral, por onde as capitanias chegaram. No caso dos EUA, o objetivo no momento era expandir o imperialismo norte americano em direção ao Oeste, cruzando os montes apalaches. Essa ocupação e colonização contou com muitos impactos ambientais e com o genocídio da população indígena.

 

Ocupação para o Oeste

Essa política foi feita com base na atração de imigrantes. O que convencia os europeus a saírem do seu país em direção a ex colônias recém consolidadas? Pra isso os EUA estabeleceram uma política de distribuição de terras, ou seja, venda de terra a preço superbaixo, com a cláusula de ter que permanecer nela por pelo menos 5 anos. Isso permitiria uma consolidação do vínculo, criando também uma estrutura ao redor. Essa política, além de ocupar o interior criou uma classe média, pois a distribuição de terras ocorreu de forma menos concentrada que no Brasil. As ferrovias eram o terceiro eixo de ação para essa integração, permitindo também o escoamento de mercadorias e criando cidades ao redor da linha férrea. Toda essa ocupação era feita com base no Destino Manifesto, que dizia que o povo americano seria portador da missão divina de promover o desenvolvimento para áreas de subdesenvolvimento, justificando os genocídios indígena e os impactos ambientais.  A partir disso, os EUA compram muitos territórios franceses e espanhóis. Invadiram territórios e compraram parte dos mexicanos, além de ter ganhado terras dos ingleses. Desta forma, conseguiram consolidar um imenso território, do oceano atlântico ao pacífico ainda no século XIX.

 

Regionalização dos EUA

Nordeste – Manufecturing Belt

Em azul, se estabelece o cinturão manufatureiro ou cinturão fabril. Marca o início da industrialização e é fruto das antigas 13 colônias. Se destacou pela exploração de ferro e carvão muito importantes para industrialização deles e do mundo. Ali esteve presente a 2ª e a 3ª revolução industrial.  

Lembrando que a 1ª revolução industrial demandava carvão, a 2ª revolução houve o crescimento das automobilísticas e siderúrgicas onde as jazidas de ferro têm papel central. Foi ali portando a região de desenvolvimento do fordismo, e consequentemente a área mais povoada do EUA. Algumas consequências espaciais;


Detroit; muito destaque na indústria automobilística
Bosh – Wash; maior megalópole do mundo aglomerado urbano fruto dessa intensa ocupação urbano industrial.
New York; empresas e bancos sediadas lá, bolsa de valores de NY
Chicago; centro da tecnologia agropecuária – bolsa das commodities define o valor delas para o mundo. Sede de importantes faculdades e tecnopólos, MIT - Instituto de Tecnologia de Massachusetts.

 

Porém atualmente a desconcentração industrial altera essas espacialidades. No centro de NY não estão indústrias, mas centros de poder. Isso porque as partes pesadas das indústrias foram enviadas para os países subdesenvolvidos, sobretudo as partes de extração de matéria prima e indústria mais bruta, ajudando a industrialização dos países economicamente atrasados. Os países subdesenvolvidos ofereciam vantagens comparativas como mão de obra barata e vantagens fiscais. Essa região, portanto, perdeu grande parte de suas indústrias, mas manteve-se enquanto centro de poder, uma vez que as sedes administrativas das empresas permanecem lá.

Detroit é um grande exemplo disso, uma cidade de Michigan que se estabelecia como um grande polo industrial da indústria automobilística. Com a desconcentração industrial há um esvaziamento das vagas de emprego na região. Houve com isso uma grande migração de uma população branca para subúrbios, como Brooklyn em NY, além da própria gentrificação. A concorrência japonesa no setor automobilístico também contribuiu para esse esvaziamento. A população se reduziu muito e se tornou uma espécie de cidade fantasma, muito perigosa em seus vazios urbanos. Em 2013 ela declarou falência e atualmente se estabelece novamente enquanto uma área de oportunidade de investimentos justamente por essa desvalorização.

 

Planícies Centrais

Predomínio de áreas aplainadas e vegetação de pradarias. Se destaca pelo desenvolvimento da agricultura moderna – maior modernização agrícola do mundo. Ali estão os cinturões do milho, do algodão e do trigo, os chamados “belts”. Essa região conta com população muito urbana. Desta forma, a minoria da população que morava no campo tinha que alimentar a 3ª maior população do mundo! O caminho para isso é a entrada de tecnologia no meio agrícola e a intensa modernização do campo. Assim o EUA se torna uma potência agropecuária, crescendo a produtividade sem aumentar área de plantio, ou seja, consegue colher mais usando a mesma área.

 

Costa oeste ao sul dos EUA- Sun Belt

Área de ocupação mais recente que ganha muita importância no pós-Segunda Guerra Mundial. Ali se deu o desenvolvimento de importantes atividades militares e tecnológicas. É nesta área que encontramos a famosa “Área 51”, que foi uma importante região para desenvolvimento e uso de material nuclear. Por ser mais vazia era usada para testes, o que possibilitou crescimento tecnológico de maneira geral.

Vale do Silício - sobretudo no pós Guerra Fria, os EUA passaram a investir mais em tecnologia do que do que poder militar naquela área. Ali se torna o vale do silício, tecnopolo mais importante do mundo. Vale lembrar que tecnopolos são centros de pesquisa onde as tecnologias são desenvolvidas. Ali se concentram universidades e empresas que fazem as pesquisas de mercado e desenvolvem as melhores tecnologias para o mercado. Com esse desenvolvimento foi possível que o país entrasse na 3ª revolução industrial. Por isso, pode-se entender que foi ali que o Toyotismo se implementou. Com isso, houve muita migração do nordeste dos EUA para o Sun Belt.

 

Fronteiras

Canadá: o país possui uma relação de complementaridade a nível econômico com os EUA, além de uma cultura semelhante. A região dos Grandes Lagos, no Vale do Rio São Lourenço se estabelece como um importante ponto dessa fronteira onde existe intensa troca comercial entre os países. Com a globalização, é possível dizer que essa proximidade deixa de ser meramente física e cultural e se torna um bloco econômico. A ele damos o nome de NAFTA – Acordo de Livre Comercio da América do Norte. Isto permitiu trocas mais diretas, sem impostos, aumentando o fluxo intenso de mercadorias e pessoas. Temos, portanto, essa região uma fronteira aberta. Por conta do Canadá ter alto IDH, uma população com poder aquisitivo se constituindo enquanto um mercado atrativo, não ameaça um grande movimento de entrada nos EUA.

Já no México a situação da fronteira mais conflituosa por conta da desigualdade econômica entre os países. Por ser uma oportunidade de melhores condições de vida, a fronteira acaba atraindo um enorme fluxo migratório. Se fosse aberta, atrairia muitos mexicanos, podendo causar um déficit de empregos, inchaço populacional e outros problemas. Além disso existe a questão da xenofobia. Nos EUA a população de latinos sofre muita discriminação. Por serem imigrantes, nem sempre legalizados, são oferecidos a essa população os empregos mais precários. Assim, mesmo os latinos que estão legalmente no país e conseguem contrariar as adversidades e obter sucesso profissional são estigmatizados e passam por preconceito. Sobre o papel profissional deles nos EUA, é importante frisar que mesmo com toda a repressão, barreiras, xenofobia e tentativas de conter a presença dessa população no país, eles são muito presentes na população e cultura, e contribuem muito para a economia americana. Um importante marco foi o “Dia sem Latinos”, no qual uma greve mostrou a importância deles para o funcionamento do mercado americano.

 

Queda da produção de armas americanas

Uma das consequências do fim da Guerra Fria para os Estados Unidos foi o questionamento sobre sua política armamentista no contexto da corrida bélica durante a Guerra Fria. Agora, sem um inimigo em comum, esses enormes gastos militares pelos Estados Unidos passavam a ser contestados internamente. Com isso, na primeira metade da década de 1990 observou-se uma queda dos gastos norte-americanos. Os Estados Unidos com o fim da Guerra Fria passaram a ser a única superpotência militar e com isso começaram a reorganizar suas forças armadas.

 

11 de setembro e a Doutrina Bush

Todos os conflitos precisam de alguma justificava, mesmo que ela seja artificialmente criada. Até o final da década de 1980 vivia-se um contexto de Guerra Fria. O grande inimigo dos países nesse momento eram aqueles contrários a ideologia dominante, seja ela capitalista ou socialista.

Com o fim da Guerra Fria os Estados Unidos e parte do mundo ficaram de certa forma sem um inimigo evidente, parecia que os conflitos iriam diminuir. Todavia, o atentado terrorista provocado pela al-Qaeda no dia 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos, mudou isso. O terrorismo passou a ser o novo inimigo que deveria ser enfrentado a partir de ataques preventivos, concepção que ficou conhecida como Doutrina Bush. Essa reorientação geopolítica do final do século XX para o XXI significou um conjunto de transformações no Oriente Médio resultando em diversas guerras ainda em andamento.

 

Guerra do Afeganistão e Iraque

A Guerra do Afeganistão tinha como objetivo a derrubada do Talibã, movimento nacionalista islâmico que governou o Afeganistão de 1996 a 2001. O regime era acusado de apoiar a al-Qaeda, liderada por Osama bin Laden. A invasão pelas tropas americanas tinha como justificativa a retaliação pelos atentados terroristas de 11 de setembro.

A Guerra do Iraque foi responsável por derrubar a ditadura de Saddam Hussein. A invasão aconteceu em 2003. O conflito e a respectiva ocupação do país por tropas americanas duraram até 2010. Com a retirada dessas tropas de forma gradual, um grupo fundamentalista religioso sunita (Estado Islâmico) conseguiu se organizar com muito mais força, ampliando o controle territorial de diversas áreas. Esse período de conflito foi marcado pelo crescimento de atentados terroristas em diversos países do mundo Ocidental, principalmente a Europa. Mas para entender um pouco mais o fortalecimento do Estado Islâmico é necessário olhar para Guerra da Síria

 

Crise de 2008

Sobre a crise de 2008 é importante entender que o crescimento do mercado no período ocorria de forma especulativa, a exemplo do mercado imobiliário. Similar ao que acontece no Brasil, você compra imóvel e espera ele ficar mais caro para revender, de modo que a questão moradia urbana se torna na verdade é um investimento financeiro. O próprio aumento do preço dos imóveis tem caráter especulativo, ou seja, se espera que os imóveis fiquem mais caros, há mais compras e o mercado se aquece.

Nos EUA o que estava acontecendo era o seguinte, muita gente pegando empréstimo no banco para comprar imóveis financiados, para isso a população muitas das vezes hipotecava sua casa para poder investir e fazer mais dinheiro. Plano do americano médio era, portanto, grosso modo, pegar um empréstimo, comprar um imóvel, esperar ele ficar mais caro, vender, pagar o empréstimo e ficar com o lucro. A medida que muitos fazem isso, com base na lei da oferta e da procura: a oferta de apartamento era imensa, todo mundo que comprou queria vender, tinha pouca gente pra comprar, o preço dos imóveis começa a cair, as dívidas passam a crescer porque o pessoal que pegou empréstimo não consegue pagar, aí pra se livrar do problema acabavam vendendo barato mesmo e não ficando com lucro nenhum, mas vezes até com dívidas. Assim muitos empréstimos não foram quitados e os bancos ficaram no déficit. Com bancos e seguradoras em crise, travou a liberação de crédito, reduzindo o consumo.

Acontece que numa economia globalizada quando a bolsa americana quebra, todos os países que dependem dele quebram junto. Para sair da crise, o Estado americano injeta muito dinheiro na economia. Houve até a estatização o Northern Rock, um grande banco britânico de crédito imobiliário. Nesse mesmo período, União Europeia e Japão também passavam por crises. Por isso, até 2013 eram os países emergentes (com destaque para os BRICS –Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) que dominavam o crescimento da economia do mundo. Em 2013 o crescimento econômico passa de novo pra mão dos países mais ricos que detém mais de 50% do crescimento. EUA, Reino Unido e Japão voltam a se recuperar.

 

Era Trump

Pode-se dizer que a política de Trump tem sido protecionista do ponto de vista do investimento interno. Sua preocupação é gerar empregos e consumo interno do produto americano. Ele tem buscado acabar com os déficits na balança comercial, ou seja, países que ele comprava mais do que vendia. Isso tem causado animosidades com diversos países ao redor do mundo. Ao mesmo tempo, no sentido oposto, a China tem demonstrando crescimento assombrosos, investindo sobretudo na influência por meio de investimentos em transporte e comunicação em diversos países. Pode-se dizer que há em curso uma guerra comercial, onde essas duas grandes superpotências se sobretaxam, ou seja, dificultam o comércio entre elas próprias. A China, Rússia, Irã, Venezuela, Coreia do Norte e Cuba são importantes países que lutam contra a hegemonia americana nos modelos desenvolvimentistas. Além dos EUA, os próprio BREXIT, o crescimento de eurocéticos e movimentos separatistas indicam uma crise nas uniões econômicas propiciadas num primeiro momento pela globalização, além do próprio crescimento dos muros e barreiras, sejam comerciais, ou físicas como é o caso do muro com o México ou a recusa em aceitar refugiados.