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A Criação do Mercosul

Neste vídeo, o prof. Claudio Hansen explica como aconteceu a criação do Mercosul e suas principais características e seus objetivos regionais

A Dificuldade de Integração do Mercosul

A Entrada da Venezuela no Mercosul

O Novo Socialismo

A Crise do Novo Socialismo

Mercado Comum do Sul (Mercosul)

União Aduaneira criada a partir do Tratado de Assunção, em 1991, pela Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. Seu objetivo é futuramente formar um Mercado Comum, com livre circulação de pessoas, porém as disparidades econômicas entre os membros, a baixa cooperação regional do Brasil e Argentina, além do caráter primário da maioria das exportações dos países membros, dificultam o desenvolvimento do bloco. Foi criado inicialmente como uma zona de livre comércio e a partir do Tratado de Ouro Preto, em 1995, se tornou uma União Aduaneira.

O bloco é marcado por alguns conflitos como no caso do Brasil e a Argentina, no qual o governo brasileiro é muito criticado por desvalorizar sua moeda fazendo com que os produtos brasileiros sejam mais baratos que os produtos argentinos. Tal prática é denominada dumping e é considerada ilegal. Outro conflito ocorre entre Argentina e Uruguai no qual esse último país acusa o seu parceiro de colocar indústrias altamente poluidoras próximo a sua fronteira.

A Venezuela foi efetivada ao posto de quinto membro efetivo do bloco, em 2012, após uma verdadeira crise política no governo de Dom Fernando Lugo, no Paraguai. Esse país se posicionava contra a entrada da Venezuela, porém devido à suspensão do Paraguai em meio à crise política, a entrada da Venezuela foi aprovada. Hoje, a Venezuela se encontra suspensa desde 2017 por ruptura da ordem democrática.

A Bolívia é outro país que possui interesse em fazer parte do Mercosul, manifestando seu interesse formalmente desde 2015. Sua entrada já está aprovada por todos os países, todavia falta a efetivação pelo Congresso brasileiro.

 

Novo Socialismo – Guinada à esquerda

A "onda rosa" também chamada de “guinada à esquerda” ou "novo socialismo" foi uma série de vitórias eleitorais da esquerda ou centro esquerda na maior parte dos países da américa latina entre 1998 e 2016.

 

Por que aconteceu?

O contexto foi o final da Guerra Fria e a série de movimentações ideológicas que reorganizaram o novo mundo. As consequências para os países subdesenvolvidos da América Latina foram muitas. Com o fim do mundo bipolar, predominou a agenda neoliberal com privatizações, aberturas comerciais, combate à inflação, reduzindo os direitos sociais. O Consenso de Washington, uma série de recomendações feitas pelo FMI para os países subdesenvolvidos recomendando que adotassem os preceitos neoliberais, ou seja, aceitassem a abertura econômica, reduzissem os gastos sociais e privatizassem empresas havia sido instaurado. Importante pontuar que, a partir da conferência de Breton Woods, uma série de dispositivos e instituições que legitimavam o capitalismo norte americano, como o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial foram criadas, o que serviu para que as economias subdesenvolvidas se vissem profundamente endividadas e consequentemente dependentes, precisando dispor mão de suas riquezas territoriais no jogo geopolítico. Além disso, várias das nações latino americanas tinham passado por ditaduras. No Brasil, a ditadura foi também financiada pelos Estados Unidos, uma vez que atendia o alinhamento político da Velha Ordem Mundial no combate ao comunismo. Os movimentos sociais ganhavam força nesse sentido e ajudaram a efetivar a guinada. Além disso, eram líderes populares, trabalhadores, indígenas, mulheres, que tinham esse apelo para se ajudar a tomada de poder.

 

Quem inaugura a tendência política de que seria necessária uma agenda política que priorizasse o desenvolvimento social foi Hugo Chávez, com sua eleição em 1998 na Venezuela. A partir dele, com o cenário propício para instalação e continuidade no poder, uma série de outros países também elegem seus partidos de esquerda. Pode-se dizer que foi um período favorável do ponto de vista do cenário econômico internacional. Todos esses governos, no entanto, tinham o dever de negociar com a tendência neoliberal, o que ocorria em menor ou maior medida dependendo do direcionamento político econômico e de interesses internos. Fala-se que não foi a esquerda que se elegeu, mas “as esquerdas” com tendências e posicionamentos políticos nem sempre alinhados. O neoliberalismo continuava presente enquanto tendência econômica do mundo globalizado, e muita das vezes ditada pelos países hegemônicos. Pode-se dizer que, dentre os regimes de esquerda que se instalaram na América Latina, Bolívia e Venezuela foram as mais preocupadas em transformar as relações de classe e propriedade. Uma característica comum aos governos foi de muitas vezes a governabilidade se ver restrita a mediação de interesses da elite econômica, o mercado internacional e as ditas políticas sociais assistencialistas. Dessa forma os governos produziram contradições, como apoiar construções de infraestrutura como mineração, agronegócio e energia, e, ao mesmo tempo, empoderar parcelas da sociedade contrárias a essas políticas.  

 

Dessa forma, dos fatores que levaram a ruptura desse período, devemos citar a crise de 2008, que afetou EUA e Europa, propiciando um novo arranjo geopolítico. Muitos governos de esquerda perderam a janela de oportunidades. Argentina, Venezuela e Brasil se encontram atualmente numa profunda crise. No cenário econômico, uma importante medida foi a Aliança do Pacífico, no qual México, Peru, Colômbia e Chile souberam aproveitar as oportunidades. Virados para o pacífico buscaram novos mercados consumidores e contatos comerciais. Fala-se hoje numa espécie de “Novo Tratado de Tordesilhas” pois ficou possível dividir, do lado do atlântico, economias em crise, e do lado pacífico, as economias mais dinâmicas da América Latina. Quem apostou no modelo estatizante e não na busca de novos mercados acabou se dando pior no complexo mundo do século XXI. As negociações eram muitas das vezes apontadas enquanto contradições por movimentos sociais internos aos países. A ascensão de grupos minoritários também passa a incomodar as elites que, ao menor sinal de crise, não iriam se dispor a “pagar o pato”, ou seja, arcar com os prejuízos, uma vez que políticas sociais representam gastos para o governo o que pode significar um aumento na cobrança de impostos. Com isso, a ascensão da oposição de direita aproveitou os desgastes presentes na tessitura social para reemergir, apoiados muitas das vezes por novos líderes internacionais estratégicos.