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Crescimento emergente: G7 ao G20

A Nova Ordem Mundial é caracterizada pelo fim da Guerra Fria e a ascensão de um mundo globalizado e multipolar. Conheça, nesse contexto, o papel do G7 e do G20, além de entender o que significa potência emergente.

Formação e função do BRICS

Características dos BRICS

Banco do BRICS, ONU e a multipolaridade

Crise nos BRICS

Ticks e outros grupos emergentes

O cenário global envolve disputas de poder entre os países. Todos querem ter um bom desenvolvimento, oferecendo serviços essenciais a sua população, mas as relações geopolíticas interferem muito no cenário. Sabe-se que existem países ricos, pobres, mas qual a diferença entre eles conceitualmente? Os países ricos ou centrais são os que têm bom desenvolvimento econômico e alto índice de qualidade de vida, medido pelo IDH, o índice de desenvolvimento humano. Os países periféricos são os que tem baixo desenvolvimento econômico e baixo índice de qualidade de vida. Existem também os países semiperiféricos, que estão subindo, ascendendo, emergindo.

 

O que seria então uma economia emergente?

São países que apresentam um crescente avanço econômico, mas com um IDH baixo ou médio. É muito comum que os países emergentes tenham uma camada de desigualdade e concentração de renda elevada. A tríade do capitalismo no cenário de poder no mundo era composta por EUA, Europa e Ásia, sendo o grupo que mais influenciava as decisões mundiais. Esse bloco de poder cresceu e passou a ser denominado G7, composto por EUA, Canadá, Inglaterra, França, Alemanha, Itália e Japão. Depois, ocorreu uma nova expansão e teve origem o G20, grupo formado pelas principais economias centrais, economias emergentes e países da União Europeia, cujas as vantagens para os países integrantes vão desde facilitação nas relações comerciais entre eles à criação de fóruns de discussão para a tomada de decisões conjuntas.

 

O termo “mercados emergentes” foi criado em 1981, por Antoine Van Agtmael, economista que queria incentivar as sociedades financeiras a investir no mercado asiático, com forte crescimento nessa época. O sucesso desse primeiro investimento em mercados emergentes foi enorme e se confirmou durante toda a década de 80. Esses mercados eram mais rentáveis tanto a curto quanto a longo prazo. Esse sucesso atraiu a curiosidade dos economistas que se interessaram por dados e parâmetros reais da economia (como produção industrial, consumo interno, PIB, políticas econômicas) para estudar esses países e o porquê do sucesso vigoroso. No fim dos anos 90, a expressão “economia emergente” ganha o cunho, portanto, não somente por seus aspectos financeiros, mas principalmente em suas dinâmicas e perspectivas de crescimento. As principais organizações financeiras internacionais (Banco Mundial e FMI) se utilizaram desse vocábulo, usando-o para países a torto e direito. Mas, a academia acabou por definir e precisar quais seriam as características necessárias para um país ter uma economia chamada emergente. As quatro principais seriam:

 

  • Renda intermediária: A renda por habitante teria de ser razoável, com seu valor situado entre o dos países menos avançados e o dos países ricos. Principalmente no que diz respeito ao poder de consumo. Por exemplo: a renda média da Índia é quatro vezes menor do que a de muitos outros países emergentes (principalmente no leste europeu), mas possui paridade no poder de compra que essa renda média possibilita.
  • Dinâmica de recuperação: O crescimento desses países recentemente elevou as economias emergentes a um nível próximo das já estabelecidas. Para isso, o crescimento do PIB deve ser superior, ou igual, à média internacional, durante os últimos dez anos.
  • Transformações e abertura: No período recente, esses países conheceram transformações institucionais e estruturais que contribuíram para os inserir de uma maneira inédita na economia mundial. Essas economias realizam cada vez mais trocas com o resto do mundo, e se beneficiam de investimentos industriais e dos serviços de empresas multinacionais. Algumas, e aqui vamos lembrar das empreiteiras brasileiras, desenvolvem elas mesmas uma capacidade de investimento (ou têm auxilio governamental com empréstimos de juros subsidiados, como, de novo, no caso brasileiro) e atuam no estrangeiro, contribuindo de maneira ativa na globalização.
  • Potencial de crescimento: Tendo em vista o pequeno abismo que separa, ainda, o nível de vida dos países desenvolvidos dos países emergentes, a economia destes se beneficia de um potencial enorme de crescimento (principalmente pelo aumento da capacidade de consumo). Essa capacidade de produção e consumo, pouco a pouco, vai superando a dos países mais desenvolvidos. No final da década de 90 aconteceram várias crises econômicas que afetaram México, Rússia e até o Japão. Houve uma crise muito importante em 1999 nos EUA que alterou as referências de investimento a nível global, fazendo com que os mercados emergentes fossem vistos como um potencial significativo de crescimento e referência em investimento.

 

O que são os BRICS?

O termo “BRIC” foi criado em 2001, por Jim O’Neil, economista do banco “Goldman Sachs”, em um artigo que queria dar foco ao potencial de crescimento do Brasil, Rússia, Índia e China. O próprio termo se tornou algo inesperado, mesmo nos sonhos mais secretos de seu inventor: os chefes de Estado desses quatro países decidiram em 2009 criar um “Fórum dos BRICS”, se reunindo a cada ano para debater assuntos da geopolítica mundial de interesse comum, até mesmo fundando um banco comum, em 2014, para investimentos na economia desses países. Nascido de uma publicação privada, o termo BRIC virou uma realidade geopolítica.

Diversas variações foram sugeridas: BRIICS, que incluiria a Indonésia e a África do Sul (South Africa) e BRICI, que retiraria a África do Sul. Mas o presidente chinês, em 2012, convidou somente o presidente sulafricano para se juntar ao “BRICS”, talvez como uma forma de reconhecer o potencial do país africano para um grande crescimento econômico e ser um ator geopolítico.  Diversas outras siglas surgiram, usualmente produtos de sociedade de investimentos para atrair capital, mas ao que tudo indica, a sigla dominante é “BRICS”.

Houve também a criação do Banco dos BRICS, o NDB (New Development Bank – novo banco de desenvolvimento) que favoreceu a arrecadação e atraiu a concentração em banco desses investimentos. Esse período foi marcado por tanto poder de influência que houveram acordos com o FMI, como o empréstimo de dinheiro em moeda local para os emergentes ignorando a diferença de juros e podendo também contestar o padrão linguístico dos documentos, usualmente em inglês. Isso representa poder e representatividade no cenário global. Esses 5 países representam 40% da população mundial e detêm 50% do crescimento econômico mundial de 2008 a 2013. Os BRICS são, acima de tudo, símbolo da mudança do poder econômico global, distanciando-se das economias desenvolvidas do G7 em relação ao mundo em desenvolvimento.