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A Fome e a Produção Agrícola

Neste módulo iremos entender quais são os principais fatores que relacionam a fome e a produção agrícola. Como a indústria alimentícia tem perdido espaço para a produção de energia.

Produção de Alimentos em Países Emergentes

As Commodities e a Produção Agrícola Tradicional

Agricultura Brasileira e o Desmatamento

Técnicas Agrícolas e seus Impactos Ambientais

As Queimadas no Meio Agrícola

Fome e a produção agrícola

A agricultura não reflete apenas a produção de alimentos, mas está relacionada também à produção de matéria-prima para diferentes cadeias produtivas. O campo produz diferentes gêneros agrícolas, como o algodão, que abastece fábricas de tecido, ou a cana-de-açúcar, que abastece o setor energético a partir da produção de etanol.

Assim, a fome passa por uma questão de acesso e está relacionada à distribuição de riquezas. Esse argumento invalida a Teoria Malthusiana, a qual defendia que o crescimento populacional não acompanharia o crescimento da produção de alimentos. Graças à Revolução Verde, isso não é verdade e a crise alimentar passa a ser uma questão social, e não técnica. A desigualdade existente entre lugares e países limita o acesso das populações à produção alimentar. Existem alimentos para serem vendidos, muitos acabam estragando nesse processo e milhares não chegam aonde deveriam, pois muitas pessoas não possuem recursos para comprar.

 

 

Produção de alimentos em países emergentes

O crescimento dos países emergentes tem alterado as questões agrícolas e da fome. A China e a Índia são países com uma população gigantesca, as duas maiores do mundo, e possuem direta relação com esse processo. Com a intensa urbanização, principalmente da China, que, desde 2010, possui mais de 50% da sua população vivendo nas cidades, a dinâmica da produção no campo foi alterada. É possível observar que a proporção de mão de obra empregada no campo diminuiu em relação à mão de obra empregada nas cidades.

Com isso, se observou o aumento do consumo de produtos alimentícios, mas com uma menor mão de obra associada à produção rural. Assim, a China passou a importar mais gêneros agrícolas para alimentar a sua população. A Índia já apresenta mudanças nesse sentido e o mercado internacional passa a observar a valorização do preço dos produtos agrícolas.

Esse fenômeno foi muito mais intenso nas últimas décadas, em que os preços das commodities agrícolas (produtos primários agrícolas negociados em bolsas de valores) cresceram significativamente, tal como observado no gráfico 1. É verdade que essa maior demanda possibilitou o crescimento econômico de outros países, como o caso do Brasil. Por outro lado, limita o acesso aos alimentos para aqueles que não conseguem competir com o mercado chinês, como o caso da população de diversos países africanos, que exportam seus produtos agrícolas para o mercado chinês, porém, apresentam elevados índices de subnutrição entre sua população.

  

Gráfico 1: Variação dos preços de boi gordo, bezerro, milho e soja (2007 – 2018)

 

Fonte: https://www.farmnews.com.br/

 

 

Commodities e a produção agrícola tradicional

Commodities são, em geral, produtos primários (agrícolas ou minerais) cuja produção é estratégica e que são negociados em bolsas de valores. Soja e ferro são as principais commodities exportadas pelo Brasil. Sua demanda é gerenciada pelo mercado internacional. Se as economias dos países estão crescendo, consome-se mais ferro na produção industrial e mais soja para alimentação humana ou para ração de gado. Com isso, o valor desses produtos tende a subir. Isso pode gerar uma migração de produtores de diferentes gêneros agrícolas para um específico, mais valorizado. Imagine que a soja esteja muito valorizada. Aquele produtor de arroz, feijão, trigo pode achar na soja maior lucratividade. Assim, ele deixa de cultivar esses gêneros para se dedicar à produção de soja. Tal movimento preocupa os países e deve ser objeto específico de políticas públicas para evitar uma crise alimentar, isto é, um período em que a produção de alimentos não é garantida.

  

Agricultura brasileira e o desmatamento

Atualmente, com o avanço do agronegócio no país é possível se observar uma queda da participação da agricultura familiar e mais um período de crescimento da concentração fundiária, o que acaba intensificando os conflitos no campo, principalmente na região do MAPITOBA (acrônimo de Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia) e do Bico do Papagaio. Cabe destacar que o agronegócio é muito importante para a economia brasileira e está organizado, principalmente, em torno do complexo agroindustrial (agricultura mais indústria). Esse complexo pode ser dividido em três etapas: a indústria de insumos (tratores, adubos e fertilizantes), a agricultura e pecuária, e a indústria de beneficiamento (transformação do produto).

Essa expansão da produção agrícola no país gera diversos impactos. O principal deles é o desmatamento na Região Norte. Esse processo é denominado expansão da fronteira agrícola e tem sido o principal fator no desmatamento da Amazônia. A remoção dessa vegetação passa a expor os solos aos processos erosivos, o que pode afetar os recursos hídricos, diminuindo a capacidade de infiltração das águas no solo.

 

Técnicas agrícolas e seus impactos ambientais

Outros impactos significativos no país que podem ser associados ao avanço do agronegócio são:

A utilização de agrotóxicos, que podem contaminar os solos, os recursos hídricos (rios, lençol freático e aquíferos), além de afetar a flora e fauna. Muitos agrotóxicos são responsáveis por eliminar insetos e, com isso, as abelhas, que possuem uma importância gigantesca na polinização. Esse processo põe em risco a biodiversidade, afetando também a cadeia alimentar da região.

  

Fonte: https://arvoresertecnologico.tumblr.com/

 

O maior consumo de água voltado para a irrigação pode gerar uma crise hídrica em determinadas regiões, além de outros impactos, como a lixiviação (empobrecimento dos minerais do solo) e a salinização. Esse último processo é resultado da concentração de sais na camada superior do solo e está associado a projetos incorretos de irrigação em locais com intensa evaporação. Essa concentração de sais na superfície impede a produção agrícola, tornando o solo infértil, tal como o processo de lixiviação.

 

 As queimadas no meio agrícola

Sobre as queimadas, é importante pontuar que podem ser uma importante técnica de fertilizar e enriquecer a parte mais superficial do solo com matéria orgânica, além de facilitar a limpeza da região para uma nova produção. Porém, se realizada por muito tempo, pode causar a desidratação do solo, diminuindo sua fertilidade. Outro agravante dessa situação é quando esse fogo sai do controle e pode atingir outros corpos vegetais, como florestas. As queimadas, geralmente, são mais intensas no inverno, devido ao período mais seco, que facilita o alastramento do fogo pela vegetação mais seca.

  

Fonte: https://noticias.r7.com/brasil/queimadas-na-amazonia-quase-triplicam-e-superam-media-historica-01092019