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Brasil: reserva e desafios da água

Aula sobre reserva e desafios da água no Brasil. Confira!

Crise hídrica no Brasil

Aquíferos Guarani e Alter do Chão

Bacias hidrográficas brasileiras

Atividades econômicas e o uso de água

Brasil: reserva e desafios da água

Apesar de a água ser “renovada” através do ciclo hidrológico, vem se tornando escassa, devido à degradação ambiental produzida pelo homem. Entre os motivos que comprometem cada vez mais a qualidade das águas nos mananciais (toda fonte de água superficial ou subterrânea que pode ser usada para o abastecimento público), podem-se citar: desmatamento, crescimento urbano, falta de sistemas sanitários eficientes, poluentes industriais, agrotóxicos.

 

Ciclo hidrológico

Considerando o ciclo hidrológico, em termos quantitativos, a água não vai acabar. Porém, em termos qualitativos, a água pode acabar. Mas, ao olhar para o Brasil, ele possui aproximadamente 12% de toda a água doce do mundo, dividida entre a Bacia do Rio Amazonas e os principais aquíferos brasileiros, como o Alter do Chão e o Guarani. Para compreender isso um pouco melhor, é importante destacar que, desse total de água doce disponível no Brasil, 70% está na Região Norte, sendo que 92% da população está localizada nas demais regiões. Assim, essa concentração populacional no litoral brasileiro e a maior disponibilidade de água na Região Norte fazem com que exista um desiquilíbrio entre a oferta e a demanda desse recurso, aumentando a pressão hídrica nas áreas de maior urbanização do país.

 

Crise hídrica no Brasil

Esse desiquilíbrio ocorre pela diversidade de demandas de uso e pela poluição hídrica, e é denominado estresse hídrico. Em 2014, algumas cidades brasileiras sofreram com um estresse hídrico que passou a ser denominado crise hídrica. São Paulo foi uma dessas cidades que, além de racionar a água, teve seu fornecimento afetado e diversos bairros ficaram sem esse recurso por vários dias. Entre as razões para essa crise na cidade de São Paulo, podem-se citar: variação climática, desmatamento na Amazônia, crescimento urbano-industrial, falta de planejamento.

Represa de Jaguari, do Sistema Canteira

Fonte: https://brasil.elpais.com/brasil/2014/08/01/politica/1406847379_070354.html

Porém, é importante lembrar que, no território brasileiro, existe uma área que sofre com esse estresse hídrico há muito tempo. O Sertão Nordestino é caracterizado por ser uma região de clima semiárido, marcada por índices pluviométricos inferiores a 700mm de chuva ao ano. O clima semiárido é definido dessa forma, pois apresenta baixíssimos índices pluviométricos durante o ano, ao mesmo tempo que apresenta alguns meses de precipitação. A razão dessa condição climática é a formação de uma célula de alta pressão atmosférica, impedindo que a umidade da Amazônia e do litoral adentrem nessa área. Em anos de El Niño, essa zona de alta pressão fica mais forte, ampliando o período de seca para dois ou três anos. Já a Lã Niña enfraquece esses ventos de alta pressão, aumentando o índice pluviométrico no local.
Os impactos sociais dessa condição climática são muito mais políticos do que climáticos, em grande parte, devido à concentração de terras. Tal concentração limita o acesso ao pouco de água que existe na região e esse recurso se torna uma barganha política, oferecida em troca da manutenção das relações de poder.

Charge – A Indústria da Seca, de Maurício Ricardo

 

Bacias hidrográficas: atividades e uso
 

A bacia hidrográfica corresponde ao conjunto de rios de uma região (rede hidrográfica) mais a sua área de captação de água. Assim, é uma importante unidade de análise das condições hídricas de determinada região. Para facilitar o gerenciamento dos rios brasileiros e suas águas, o Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH) criou uma divisão do país em Regiões Hidrográficas. Os limites dessas regiões geralmente coincidem com os limites das bacias hidrográficas, permitindo a formulação de políticas e mecanismos administrativos para toda uma região de forma integrada, sem se preocupar com os diferentes limites municipais e estaduais que os rios ultrapassam. Essa regionalização tornou viável o surgimento dos Comitês de Bacia Hidrográfica, responsáveis por planejar e fiscalizar o uso racional dos recursos hídricos de uma bacia.

Regiões Hidrográficas

Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/8/8c/Brasil_Bacias_hidrograficas.svg

 

Bacia Amazônica

É a maior bacia hidrográfica do mundo, estendendo-se por terras de diversos países: Bolívia, Peru, Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname, Guiana Francesa e Brasil. Forma um complexo hidroviário de 25450 km de percurso navegável, sendo, em muitos casos, a única opção de transporte no interior da Amazônia.

 

Bacia do Paraná

A Bacia do Paraná drena a porção centro-meridional do país, abrangendo terras dos estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Santa Catarina. O Rio Paraná é seu rio principal, nascido na confluência de outros dois rios: o Paraíba, que separa Minas Gerais de Goiás, e o Rio Grande, que separa Minas gerais de São Paulo. Toma a direção sul e separa São Paulo de Mato Grosso do Sul. Posteriormente, serve de limite entre Paraná e Mato Grosso do Sul. Adiante, faz a fronteira do Brasil com o Paraguai. Em seguida, penetra em território argentino e desemboca no Rio da Prata.

 

Bacia do Tocantins-Araguaia

A Bacia do Tocantins-Araguaia é dividida entre dois rios: metade pertence ao Rio Tocantins e metade, ao Rio Araguaia. O Rio Tocantins nasce a cerca de 250 km de Brasília, sendo formado pela junção dos Rios Alma e Maranhão, cujas cabeceiras estão no Brasil Central, em Goiás, e percorre 2640 km até chegar ao Golfão Amazônico. Seu principal afluente, o Rio Araguaia, nasce em Mato Grosso, na fronteira com Goiás, circunda a Ilha de Bananal e se une ao Tocantins, no extremo norte do estado de mesmo nome.

 

Bacia do São Francisco

A Bacia do São Francisco drena terras de cinco estados: Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe. Faz, portanto, a ligação entre o Sudeste e o Nordeste do Brasil. O Rio São Francisco nasce na Serra da Canastra, em Minas Gerais (região de clima tropical, chuvoso). Tomando a direção norte, atravessa o Sertão Nordestino (clima semiárido) e desemboca no litoral oriental do Nordeste (clima tropical, bastante úmido). O São Francisco tem 1300 km de extensão navegável, em um trecho que vai de Pirapora (MG) a Juazeiro (BA) e Petrolina (PE), e é bastante aproveitado para projetos de irrigação nas áreas do seu vale em que o clima é mais árido.

 

 

Aquíferos Guarani e Alter do Chão

Os aquíferos correspondem a formações geológicas específicas que permitem o armazenamento de água em subsuperfície ao longo do tempo. São formados por rochas sedimentares, cuja porosidade possibilita o armazenamento de imensas quantidades de água. Esses reservatórios são abastecidos pela infiltração/percolação de água no solo. Eventualmente, podem aflorar na superfície originando a nascente de um rio. As camadas mais superiores de um aquífero, cujos poros estão saturados de água, podem ser denominadas aquífero livre ou lençol freático. Todavia, alguns aquíferos possuem camadas mais profundas com água armazenada entre duas camadas impermeáveis, formando, assim, um aquífero cativo.

Diferentes tipos de aquíferos

Fonte: https://mybrainsociety.blogspot.com/

São muito utilizados para o abastecimento humano, mas nem todos os aquíferos possuem água potável, necessitando, assim, de algum tratamento, devido à elevada salinidade. No Brasil, há dois aquíferos muito importantes. O Aquífero Alter do Chão é o maior aquífero brasileiro e está localizado na Região Norte. Sua formação tem relação direta com o Rio Amazonas. Suas águas são pouco utilizadas devido à grande disponibilidade hídrica existente na região. Assim, é considerado uma reserva hídrica para o futuro. O Aquífero Guarani também é um dos maiores aquíferos do mundo, porém, 70% dele está localizado no Brasil e o restante se estende até o Paraguai, Argentina e Uruguai. Assim, para uma melhor gestão dessas águas, é necessária uma integração entre todos esses países para pensarem em políticas conjuntas de sustentabilidade. Suas águas já são utilizadas em grande quantidade, principalmente para a atividade agrícola nos estados de São Paulo e Rio Grande do Sul, o que gera uma preocupação devido à contaminação por agrotóxico.

Aquíferos do Brasil

Fonte: agua-sua-linda.tumblr.com