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Da agroexportação ao modelo de substituição de importação

Neste vídeo daremos início ao processo de industrialização brasileira, voltando nossa atenção para os fatos econômicos antecessores a industrialização propriamente dita.

Vargas: leis trabalhistas e o mercado interno

Vargas e a criação da indústria de base

JK e o modelo desenvolvimentista

O Plano Tripé

A construção de Brasília e o modelo rodoviário

Industrialização Brasileira 

 

1) Ciclos econômicos
As atividades econômicasdesenvolvidas no Brasil colonial foram fundamentais para expansão territorial brasileira. A economia era fundamentada em torno da produção de gêneros primários, voltados para exportação. O que explica o caráter litorâneoda ocupação do territórionacional. Essas atividades são agrupas e estudas a partir dos ciclos econômicos:

  • Ciclo do Pau Brasil: Nessa fase inicial destacou-se a prática predatória de extração de Pau Brasil, no entanto, esse primeiro ciclo econômico não foi fundamental para a ocupação e organização do território, uma vez que a atividade tinha caráter seminômade e predatório, sem o intuito de fixação no lugar, acarretando apenas a construção de algumas vilas e povoados.
  • Ciclo do Açúcar: muito importante para a criação dos primeiros povoados, principalmente pela participação da figura dos bandeirantes. A necessidade de mão de obra para trabalhar nas lavouras e no beneficiamento da cana-de-açúcar leva ao surgimento das bandeiras. A partir dessas expedições, começa o processo de ocupação portuguesa em território espanhol, ultrapassando a linha do Tratado de Tordesilhas.
  • Ciclo do Ouro:com a competição externa ao açúcar brasileiro, a coroa Portuguesa decide voltar a busca por metais preciosos. Os bandeirantes vão ter um papel fundamental abrindo caminho para a descoberta do ouro em Minas Gerais, Mato Grosso e em Goiás. Esse ciclo vai ser importante para ocupação de regiões interioranas. A partir dessa atividade vai ocorrer uma intensa migração em para essas áreas de mineração proporcionando a criação de diversos povoados e cidades e o surgimento de um mercado interno mais significativo. A capital é transferida para o Rio de Janeiro, e com isso o Nordeste perde sua importância política e futuramente econômica com o ciclo do café.
  • Ciclo do Café: a fase mais vigorosa ocorreu no século XIX e início do século XX. O café foi fundamental para a consolidação do território nacional. O desenvolvimento da produção do café exigiu uma infraestrutura moderna para escoar a produção, passando a ser atendida pelas ferrovias. Essas futuramente passam até a ditar o caminho da ocupação pelo interior de São Paulo. A grande contribuição é que atividade possibilitou um maior desenvolvimento e investimento em São Paulo e Rio de Janeiro, de forma que a região sudeste assegurou a supremacia na economia nacional.
     

Arquipélagos econômicos
Quando observados todos esses ciclos econômicos, geograficamente, fica mais fácil entender que o desenvolvimento do território brasileiro ocorreu em forma de arquipélago (ilhas), isto é,áreas que apresentam certo desenvolvimento, porém sem articulação. As atividades econômicas se desenvolviam de formas isoladas, basicamente buscando atender a demanda externa.

 

O início do processo de industrialização brasileiro e o destaque da região Sudeste

O ciclo do café foi o motor inicial para esse processo. O espaço geográfico brasileiro foi estruturado exclusivamente ao redor do modelo primário-exportador. A partir do crescimento da economia cafeeira, o processo de urbanização se intensificou, principalmente no Rio de Janeiro e em São Paulo. Resultando na construção de uma infraestrutura (ferrovias) para escoar essa produção.

Com o fim da escravidão e a chegada dos imigrantes, omercado consumidor cresceu consideravelmente, o que possibilitou a produção para o mercado interno e o desenvolvimento das indústrias. A concentração desse processo na região Sudeste aumentou as disparidades inter-regionais.

 

Organização do espaço econômico brasileiro no século XVIII

 

2) Vargas e a substituição de importações

A partir do crescimento da economia cafeeira, o processo de urbanização se intensificou, principalmente no Rio de Janeiro e em São Paulo. Toda uma infraestrutura de ferrovias e portos foram instalados para escoar essa produção. Com o fim da escravidão e a chegada dos imigrantes, o mercado consumidor também vinha crescendo consideravelmente, possibilitando a produção para o mercado interno e o desenvolvimento de algumas indústrias leves como a têxtil e a alimentícia. Dentre os fatores que beneficiaram a concentração industrial na região Sudeste podemos destacar:

  • Concentração de infraestrutura de energia, comunicação e transportes;
  • Concentração de mão de obra qualificada (lembrando a entrada de mão de obra estrangeira, em sua maior parte, já qualificada para os serviços fabris);
  • Concentração de mercado consumidor;
  • Rede bancária desenvolvida, por conta da presença de centros de produção de café.

É importante destacar o contexto mundial deste período. O mundo passava pelo fim da Primeira Guerra Mundial, conflito em que muitos dos principais países produtores de produtos industrializados estavam envolvidos, afetando o abastecimento mundial. Neste sentido, iniciou-se no Brasil a política de substituição de importações, ou seja, passou-se a produzir aqui o que antes se importava de outros países. A partir de Getúlio Vargas, pela primeira vez na história brasileira, o governo passa a investir massivamente na indústria nacional, principalmente através da criação das indústrias de base, fundamentais para fornecer insumos para outras indústrias, dentre as quais podemos destacar a Companhia Siderúrgica Nacional, a Vale do Rio Doce e a Petrobrás. Outra questão muito importante em Vargas e fundamental em uma sociedade urbana e industrial foi a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), em 1º de maio de 1943, introduzindo novos direitos aos trabalhadores, regulamentando férias remuneradas, horários de trabalho, condições de segurança, salário mínimo e a relação entre patrões e empregados.

3) JK e o Plano de Metas

Juscelino Kubitschek foi eleito nas eleições presidenciais de 1955, após o suicídio de Getúlio Vargas, tendo João Goulart como vice. Durante o governo de JK (1956-1961) a economia brasileira se abriu para os investimentos internacionais – momento este em que entraram no Brasil grandes montadoras como a Ford e a Volkswagen. Atendendo assim a proposta desenvolvimentista que visava a “decolagem” (“take off”) da industrialização brasileira. Essas indústrias instalaram suas filiais na região Sudeste, principalmente, nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e ABC paulista (Santo André, São Caetano e São Bernardo). As oportunidades de empregos aumentaram muito nesta região, atraindo assim muitos trabalhadores de todo Brasil. Este fato fez aumentar o êxodo rural e a migração de nordestinos e nortistas para as grandes cidades do Sudeste.

O lema “50 anos em 5” demonstrou o objetivo audacioso de JK de desenvolver a economia brasileira rapidamente. A expressão sintetizava a promessa de obter cinquenta anos de progresso em cinco anos de governo. Para isso elaborou o Plano ou Programa de Metas com 31 metasdistribuídas em cinco grandes grupos: energia, transportes, alimentação, educação eindústrias de base. A construção de Brasília, nova capital, foi apresentada como a síntese de todas as metas. Com a transferência da capital do Rio de Janeiro para Brasília, JK pretendia desenvolver a região central do país e afastar o centro das decisões políticas de uma região densamente povoada. Com capital oriundo de empréstimos internacionais, Brasília foi finalizada e inaugurada, em 1960.

O projeto de industrialização baseava-se em um tripé econômico formado por: capital estatal em infraestrutura e indústria de base, capital privado nacional em indústrias de bens de consumo não duráveis, e pelo capital privado estrangeiro responsável pelo investimento em indústrias de bens de consumo com investimento tecnológico.

Durante o governo de JK, o Brasil recebeu mais de 2 bilhões de dólares destinados ao Programa de Metas e o valor da produção industrial cresceu 80%. O PIB crescia ao ritmo de 7,9% ao ano, o que representava uma alta taxa de crescimento. No entanto, com os elevados gastos públicos o Programa começou a entrar em déficit, promovendo o endividamento do Estado.De um lado a entrada de multinacionais gerou empregos, porém, por outro lado deixou o país mais dependente do capital externo. A migração e o êxodo rural descontrolados fizeram aumentar a pobreza, a miséria e a violência nas grandes capitais do Sudeste do país.