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A origem do consumismo

Iniciando nosso módulo sobre o consumismo, a professora Lara explica o que é este fenômeno e como suas raízes se encontram na Revolução Industrial.

A cultura consumista

Consumo, consumismo e hiperconsumo

O fetichismo da mercadoria

O consumismo e individualismo

O que é consumo?

O consumo é a atividade humana de aquisição e/ou utilização de um bem. Essa aquisição/utilização pode resultar na destruição do bem ou não. Isso significa dizer que o consumo é inerente à existência humana e é impossível estar vivo sem consumir. Aliás, esse é o objetivo do trabalho humano. O trabalho é uma atividade que visa suprir necessidades. Essas necessidades são comumente supridas pelo resultado de nosso trabalho, os produtos. Ou seja, estamos sempre produzindo e consumindo com o objetivo de suprir nossas necessidades. Qual o problema do consumo então?

Bom, o problema é o consumismo. Entende-se por consumismo um estilo de vida baseado no consumo de bens e serviços de maneira massiva e supérflua. Nesse estilo de vida ignora-se as consequências e os limites do consumo em nome de um ciclo infinito de produção e consumo, baseado na ideia de progresso. O consumismo é uma ideologia que surgiu com o advento do capitalismo, mas se consolidou com a Revolução Industrial que tornou possível o acesso à mercadoria em larga escala para as classes subalternizadas pela saturação da oferta. Isso representou simbolicamente acesso ao estilo de vida das elites, o que consolidou o consumo como base da sociedade

Sociedade de consumo

As sociedades organizadas a partir dessa ideologia podem ser classificadas como sociedades de consumo. Nelas a noção do consumo alcança a situação de relação social e realização pessoal. Muitos autores apontam que o consumo é usado para controle social e que as outras áreas da vida social foram invadidas pela lógica de consumo. Desde as relações de afeto até as instituições políticas, tudo é regido pela lógica mercadológica.

Muitos indivíduos identificam esse problema, mas não conseguem parar de ser consumista. Mesmo que consciente em parte e repudiando o consumo exacerbado, as pessoas continuam consumindo pela força da coerção social. Esse fenômeno é chamado de hiperconsumo. Os meios de comunicação têm um papel preponderante na coerção consumista. A propaganda no sistema capitalista produz falsas necessidades baseada num modo de vida direcionado ao consumo desenfreado, reproduzindo valores essencialmente consumistas. Um outro elemento é fundamental numa sociedade de consumo, o individualismo. Ele se configura como uma tendência, na modernidade, de viver exclusivamente para si, manter relações superficiais, ser egocêntrico e não demonstrar solidariedade.

Marx e o fetichismo da mercadoria

Nas sociedades atuais observa-se que a produção econômica se transformou no objetivo imposto às pessoas, isto é, não são as pessoas o objetivo da produção, mas a produção em si. Desde a Revolução Industrial até os dias de hoje é possível observar a consolidação de uma forma de organização do trabalho que segue a lógica de uma linha de montagem. Essa organização (aperfeiçoada pelo taylorismo) fragmentou o trabalho e produziu, como consequência, a fragmentação do saber, pois o trabalhador perder a noção do conjunto do processo produtivo. Essa é a alienação do trabalho.

Além da rotina alienante, esse modelo consiste, em grande parte, numa produção direcionada a uma elite econômica, sendo vedado ao trabalhador desfrutar financeiramente dos benefícios de sua própria atividade. Esse trabalho é composto pelo desprazer, embrutecimento e exploração do trabalhador.

Atingido pela alienação, o ser humano passa pelo processo de coisificação e perde contato com seu eu genuíno, com sua individualidade. Transformado em mercadoria, o trabalhador sente-se como uma “coisa” que precisa alcançar sucesso no “mercado de personalidades” (financeiro, profissional, social, intelectual, sexual, político, esportivo etc.). Dominado por essa orientação mercantil alienante, o indivíduo não mais se identifica com o que é, sabe ou faz. Para ele, não conta sua realização íntima e pessoal, apenas o sucesso em vender socialmente suas qualidades. As relações sociais também ficam seriamente comprometidas. Cada pessoa vê a outra segundo critérios e valores definidos pelo “mercado de personalidades”. O outro passa a valer também como um objeto, uma mercadoria.

Por fim, nesse processo, surge a fetichização da mercadoria. Fetiche é a atribuição de poderes sobrenaturais, divinos etc. a objetos animados ou inanimados. Obviamente, esses objetos não são dotados desses poderes. No sistema capitalista, Marx observa que, pela alienação do trabalho e mercantilização da vida, a mercadoria ganha poderes atribuídos pelos homens. Dessa forma, ganhando independência do seu próprio produtor, as mercadorias ganham vida e as relações passam a se dar através delas. Sem ser determinado pelo trabalho necessário para a produção, o valor de uma mercadoria varia em termos incontroláveis e subjetivos. Dessa forma, Marx denuncia que, na modernidade, o homem trata as mercadorias como objetos de adoração.