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As primeiras correntes do pensamento sociológico

Explicações sobre o contexto histórico do surgimento da sociologia e como, a partir deste contexto, surgiram várias correntes de pensamento social e político nos séculos XVIII e XIX.

Os Profetas do Passado

Os socialistas utópicos

O positivismo

O socialismo científico

Surgimento da sociologia

Como sabemos, a Sociologia surgiu no Séc. XVIII como tentativa de explicar cientificamente as profundas transformações pelas quais passava a sociedade europeia. As revoluções Francesa e Industrial causaram mudanças como a intensa migração para as cidades, o desemprego, o aumento exponencial do crime, a formação da assembleia francesa, etc. Carregados da energia gerada pelo Iluminismo que apostava na razão como guia do ser humano, os pensadores positivistas criaram a nova ciência com a intenção de interpretar a sociedade.

Antes desses eventos, a sociedade era alvo de investigação de filósofos, teólogos e outras áreas do pensamento. Muitas explicações sobre o funcionamento da sociedade passavam por divindades ou entidades metafísicas, além da própria natureza. Até a modernidade, as mudanças sociais eram lentas e graduais. No período pré-capitalista, mudanças no modo de produção ou na estratificação social demoravam séculos. A ideia de progresso típica do capitalismo impulsionou uma sociedade acelerada, tida como vertiginosa.

Duas características marcavam a análise da sociedade. O caráter normativo e o caráter finalista. O caráter normativo diz respeito às regras básicas que guiam a vida em sociedade. A análise social se baseada nessa normatividade e também buscava produzir normas, ou seja, estabelecer explicações que também funcionassem como normas sociais. O caráter finalista se refere aos objetivos da comunidade. Como formar uma sociedade perfeita? Como chegar à harmonia completa? Como produzir uma organização social ideal? Qual o propósito da vida em sociedade? Era esse tipo de reflexão que formava a análise social.


Correntes do pensamento sociológico

A primeira corrente do pensamento sociológico é chamada de profetas do passado. Isso porque eles são reacionários. Eles criticavam o iluminismo e a revolução francesa. Para eles, esses fenômenos sociais eram os causadores dos problemas enfrentados pela sociedade no final do Séc. XVIII e início do Séc. XIX. Esses pensadores expressavam a dificuldade da sociedade de em lidar com os acontecimentos do período. De maneira geral, as pessoas estavam acostumadas com as estruturas sociais vigentes até então, o que levou esses pensadores a acreditar que a sociedade era harmoniosa e equilibrada, sendo perturbada por esses eventos. Como defensores da tradição, eles defendiam que a transformação social deveria ser lenta e gradual e não por revoluções. Assim, defendiam o retorno à ordem social anterior.

Os socialistas utópicos, por sua vez, defendiam uma sociedade mais igualitária organizada em torno do bem comum. Dentre esses pensadores podemos destacar Saint-Simon, Fourier e Owen.  Essa corrente do socialismo defendia a expansão dos princípios da Revolução Francesa para criar uma sociedade mais racional.

O termo utópico foi associado a esses socialistas pejorativamente por socialistas científicos por considerarem as ideias desse grupo de pensadores como ingênuas e irrealizáveis, mas seus objetivos nem sempre eram utópicos. Eles defendiam o estabelecimento de um suporte rígido para a ciência e a criação de uma sociedade baseada em princípios científicos. Não a toa Saint-Simon é um dos responsáveis pelo surgimento do positivismo. Os socialistas utópicos defendiam uma reforma lenta e gradual da sociedade. Para eles a sociedade deveria ser guiada pelo pacifismo, incluindo a boa vontade da burguesia na divisão da riqueza. Apesar da diversidade de socialistas utópicos, podemos identificar nessa corrente o reformismo, o paternalismo e a filantropia.

O pensador considerado o criador do positivismo foi Augusto Comte.  Essa corrente de pensamento defendia, em grande medida, a aplicação de métodos científicos baseados na experimentação como única forma de proporcionar um conhecimento verdadeiro sobre a sociedade. De acordo com a teoria de Comte, o estudo da sociedade deve ser tão rigoroso quanto, por exemplo, o estudo empreendido pelas ciências naturais.  Assim, a ciência da sociedade deve ser rigorosa, baseando-se sempre na experimentação a fim de explicar corretamente os fenômenos sociais.

O objetivo primeiro de Comte com sua recém-criada área do conhecimento não era apenas interpretar os fenômenos sociais e as transformações abruptas observadas em seu tempo, ele pretendia criar uma ciência capaz de produzir soluções para os problemas sociais que causavam o mal-estar das revoluções, principalmente a Revolução Industrial, que teve como consequência imediata a explosão demográfica, o desemprego, a miséria, a violência e o acirramento da desigualdade social.

Comte defende que a história do pensamento humano progredia em estágios, a saber: a teológica, a metafísica e a positiva. A fase teológica está relacionada com uma tentativa de explicação do mundo a partir da imaginação, apelando comumente para deuses e entes sobrenaturais a fim de explicar a realidade. A fase metafísica, exemplificada pelo período histórico do Renascimento, está relacionada com uma explicação da realidade não em termos imaginativos, como na fase teológica, mas em termos naturais. Já o estado positivo é marcado pela observação como forma de entendimento da realidade, o que ocorre através da experimentação própria do método científico.

No socialismo científico, diferente dos utópicos, há a tentativa de explicar os problemas sociais através de uma análise lógica e crítica. Identificando que o problema da sociedade capitalista é a relação de opressão que existe entre as classes, esse grupo de pensadores se dedicou a construir uma teoria sólida de superação desse problema.

O termo foi cunhado em 1840 por Proudhon em para se referir a uma sociedade governada por um governo científico, onde a razão se sobrepõe a vontade do líder. Em 1880 Engels usou o termo para definir o pensamento de Karl Marx. A principal diferença entre o socialismo utópico e o científico era a noção de que as condições históricas que geraram o socialismo estavam ligadas às contradições essenciais do sistema que o produziu, o capitalismo. Sendo assim, o capitalismo é irresolvível como sistema contraditório, não podendo ser reformado, mas apenas superado.

Os pontos principais da teoria mais famosa dentro do socialismo cientifico, o marxismo, são:

A teoria da mais-valia, que afirma que o capitalista acumula riqueza pelo excedente produzido pelo proletário e não remunerado.
A teoria do materialismo histórico, que defende a centralidade das condições materiais da sociedade no processo histórico.
A teoria da luta de classes, que aponta a história humana como guiada por um conflito permanente entre classes dominantes e dominadas.
A teoria do materialismo dialético, que apresenta a dinâmica do processo histórico como movida pela contradição, demonstrando como formações históricas trazem consigo as condições para o seu fim.