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Por que estudar a mitologia grega?

Já pensou em ter aula com a Medusa? Pois é, aparentemente a professora Larissa Rocha foi substituída. Sua substituta inicia o módulo dizendo qual é o sentido de se estudar hoje os mitos gregos, séculos distantes de nós.

A função da mitologia grega

A importância dos mitos na Grécia Antiga

Os personagens da mitologia grega

Qual o papel dos mitos hoje?

O que é mitologia grega?

A mitologia grega consiste na forma mais antiga de crença e conhecimento do homem ocidental. Os gregos buscavam explicar a realidade através de entes sobrenaturais e figuras mitológicas. Nesse sentido, podemos dizer que a mitologia surge, a partir do espanto do ser humano com o mundo. Ou seja, a partir do estranhamento com tudo aquilo que o rodeava e que, naquele momento, ainda não possuía uma explicação racional. A mitologia era narrada em forma de poesia e era cantada nas ruas pelos poetas, dentre os quais o mais famoso foi Homero, que teria vivido por volta do século IX A.C. Assim, a mitologia era passada de geração para geração através dos poetas, o que garantiam a divulgação e manutenção dos valores, hábitos, e crenças do povo grego, que se autodenominavam helenos. Já que, Hélade era com eles se referiam ao seu país. O termo não era usado só no sentido geográfico, mas também ao conjunto de valores culturais típicos da civilização grega.

Num dado momento da civilização grega, as explicações mitológicas tornam-se insuficientes e o homem começa a elaborar respostas mais racionais para as questões que o atravessavam. Com isso, houveram diversas transformações no âmbito da cultura grega, que contribuíram para o surgimento do pensamento filosófico, tais como: a descoberta da escrita, o surgimento da moeda, a formulação da lei escrita, a consolidação da democracia, entre outras. A partir dessas transformações puderam surgir no século VI a.C, os primeiros filósofos, que ficaram conhecidos como pré-socráticos, pois a partir deles o pensamento mítico passou a ser gradualmente deixado de lado dando lugar a novas indagações. O uso do raciocínio lógico e o abandono de mitos na busca por explicações gerais marcou o início do processo que ficou conhecido como “o milagre grego”.  

Os primeiros pensadores que se interessavam em descrever a natureza (physis) sem apelar para seres sobrenaturais e para figuras mitológicas, tomaram para si a tarefa de explicar a natureza a partir de elementos naturais. 

A mitologia era tida como uma verdade absoluta, um conhecimento inquestionável no âmbito da cultura grega antiga. Já a filosofia, enquanto forma de conhecimento mais racional, tem como fundamento o questionamento, a interrogação, a dúvida, a suspeita, o que provoca uma ruptura na cultura grega. A passagem do mito para a filosofia não foi rápida, mas sim um lento processo de transformação, em que a mitologia deixa de ser entendida como uma verdade absoluta, possibilitando o surgimento de explicações mais racionais da realidade e da natureza. 

Vejamos alguns exemplos clássicos da mitologia grega:

Édipo Rei 

Escrita pelo dramaturgo Sófocles, por volta de 427 a.C, Édipo Rei é uma peça grega antiga, considerada uma das maiores tragédias escritas até hoje. Aristóteles considerava a peça como a maior tragédia do teatro grego. A trama gira em torno de uma profecia, que acomete um jovem rapaz adotado, que, em busca de desvendar suas origens, decide consultar um oráculo. Ele então recebe a notícia de que seu destino consistia em matar o próprio pai e se casar com a própria mãe. Atordoado com o que ouve, o jovem decide sair de sua cidade, a fim de evitar que tal previsão se cumprisse. Na estrada em direção a outra cidade, ele encontra e discute com um velho viajante e sua comitiva. Por estarem embriagados, a discussão termina com Édipo matando o velho viajante e alguns de seus homens. Chegando na nova cidade, passado algum tempo, sem saber, ele se casa com sua mãe biológica, e quinze anos depois descobre toda verdade, tendo um fim ainda mais trágico. 

Um dos maiores desdobramentos desta peça está presente na obra de Freud, que eleva o mito de Édipo a um novo patamar, mais tarde vindo a se tornar a base da teoria psicanalítica. Freud define em sua obra o conceito de Complexo de Édipo, inspirado nas relações de conflito presentes no ambiente familiar, a partir dos arquétipos tradicionais de pai, mãe e filho. Identificando padrões culturais e destrinchando uma série de questões humanas oriundas deste modelo familiar.

Hércules 

Filho de Zeus com a mortal Alcmena, Hércules é um herói da mitologia greco-romana, que ficou conhecido por sua história de força incomum como semideus. Depois de ter matado sua mulher e seus filhos num ato de loucura provocado pela deusa Hera, Hércules busca se redimir, e começa uma saga de 12 trabalhos. Após finalizar essas atividades, ele se casa com uma mulher chamada Dejanira com quem vive feliz por muitos anos. Em uma viagem, sua esposa sofre uma tentativa de abuso. O centauro Néssus tenta violentá-la, mas Hércules chega a tempo e o mata. Antes de morrer, Néssus engana Dejanira, dizendo que seu sangue é um elixir capaz de fazer o amor renascer, caso Hércules deixe de amá-la, fazendo com que ela então decida guardar um pouco. Anos depois, Hércules se apaixona por outra mulher, e Dejanira lhe envia um manto com gotas do sangue de Néssus. Ao vestir o manto, Hércules percebe que está prestes a morrer, pois se trata de um veneno muito poderoso.

Segundo a mitologia grega, após seu falecimento, Hércules teve seu o corpo queimado, mas sua essência permaneceu viva na morada dos deuses. Mesmo sendo um mito, a história deste herói inspira até hoje, e alguns historiadores acreditam que possa ter sido inspirada na vida de um homem real.