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Democracia e partidos políticos

Compreenderemos nesta aula que a ideia de partidos políticos está associada a um contexto democrático.

Classificação dos partidos políticos

Classificação ideológica

Sistemas partidários

Exercícios sobre o funcionamento dos partidos políticos no Brasil

Exercícios sobre as características dos partidos políticos

Diferente do que se pode imaginar à primeira vista, a existência de partidos políticos não é um fato natural e eterno, existente em toda e qualquer ordem política. Ao contrário, este é um fenômeno relativamente recente, surgido junto com o processo de constituição das democracias modernas, no século XVIII. De fato, foi a partir das grandes revoluções liberais modernas (a Revolução Gloriosa britânica, a Guerra de Independência dos Estados Unidos e a Revolução Francesa) que se instaurou definitivamente a ideia de soberania popular, isto é, de que o poder deriva da vontade do povo. Com isso, a antiga ideia de súdito foi substituída pela de cidadão e os governantes passaram a ser vistos como simples representantes do povo, eleitos pela população e subordinados ao seu consentimento. Naturalmente, neste contexto, começaram a se construir grupos políticos formais e organizados que tinham como objetivo representar parcelas do povo, disputar o apoio da opinião pública, ganhar as eleições, enfim, alcançar o poder no interior da democracia. Divididos por ideologias e interesses opostos, os membros desses grupos passaram a constituir os chamados partidos políticos.

Como se sabe, os partidos políticos são desde sua origem tradicionalmente classificados em duas grandes tendências opostas: os partidos de direita e os partidos de esquerda. Tal classificação surgiu na Assembleia Nacional da Revolução Francesa. Nessa Assembleia, os jacobinos, aqueles que queriam radicalizar a revolução, levando-a a consequências ainda mais drásticas, sentavam-se à esquerda. Por sua vez, os girondinos, que queriam moderar a revolução e fazê-la dar um passo atrás, sentavam-se à direita. Rapidamente, no entanto, essa classificação extrapolou o âmbito da França e passou a ser aplicada a todas as disputas políticas do século XIX. De modo geral, Direita e Esquerda passaram a designar duas posições opostas diante daquela série de mudanças porque passou a Europa no século XVIII, seja no campo das ideias (Iluminismo), seja no campo político (Revolução Francesa), seja no campo econômico (Revolução Industrial).  Em síntese, foram considerados de direita todos aqueles que, apesar de simpáticos às mudanças que se passavam pela Europa naquele momento, tinham um espírito de moderação. Ou seja, eram os defensores das ideias iluministas, liberais e industriais, que, no entanto, queriam que as grandes mudanças parassem por ali. Por outro lado, eram considerados de esquerda todos os que, apesar de defensores de todas aquelas mudanças revolucionárias, as consideravam insuficientes, que desejavam uma radicalização ainda maior das transformações sociais e visavam a construção de um novo tipo de sociedade, inteiramente justa e igualitária. Trata-se, em suma, de uma oposição entre conservadores e progressistas, moderados e radicais.

Na atualidade, todas as democracias sólidas contam com um grande partido mais à direita e um grande partido mais à esquerda (na Inglaterra, o Partido Conservador e o Partido Trabalhista; na França, o Republicanos e o Partido Socialista; na Espanha, o Partido Popular e o Partido Socialista Operário Espanhol; Alemanha, a União Democrata-Cristã e o Partido Socialdemocrata; nos EUA, o Partido Republicano e o Partido Democrata; no Brasil, o PSDB, que originalmente era um partido de esquerda,  e o PT; etc.). Sendo os mais fortes, tais partidos catalisam o debate público criticando fortemente seus adversários. No entanto, em circunstâncias eleitorais, tendem a moderar seu discurso e se aproximar de posições mais centristas, a fim de conquistar o eleitor comum, que raramente se move por grandes questões ideológicas. Os dois modelos mais comuns são os multipartidários e os bipartidários. O multipartidarismo é mais comum em regimes presidencialistas e em sociedades de multiplicidade cultural ou diferenças culturais muito acentuadas. Já o bipartipartidarismo é mais comuns em governos parlamentaristas. Por sua vez, contextos de grave crise política e social tendem a enfraquecer os partidos tradicionais e fortalecer partidos extremistas, tanto à direita quanto à esquerda.