O Enem está se aproximando e os vestibulandos sempre tentam criar hipóteses e fazer associações com fatos da atualidade para tentar adivinhar qual será o próximo tema da redação do Enem.
Essa é uma tarefa muito difícil, mas a Cartilha do Participante nos fornece algumas pistas para nos ajudar nessa missão, pois sabemos que a proposta estará relacionada a alguma discussão de ordem social, científica, cultural e/ou política.
Analisando todo o cenário nacional e internacional, conseguimos levantar alguns dos possíveis temas de redação Enem 2024, se liga:
1. Desafios para o enfrentamento da violência contra crianças e adolescentes no Brasil
A violência contra crianças e adolescentes refere-se a qualquer ação ou omissão que resulte em prejuízo físico, psicológico, sexual ou negligência, praticada contra indivíduos menores de 18 anos.
Essa violência pode ocorrer de diversas formas, incluindo abuso físico, emocional, sexual, exploração econômica, negligência nos cuidados básicos, trabalho infantil, além de violência institucional, que é praticada ou facilitada por órgãos públicos.
No Brasil, a violência contra crianças e adolescentes é uma violação dos direitos humanos, protegidos por leis como o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que garante a proteção integral e prioriza os direitos à vida, saúde, educação e dignidade.
Apesar das legislações, a violência continua sendo uma realidade preocupante, ocorrendo em diversos contextos, como dentro de casa, na escola, nas ruas, e até no ambiente digital.
O dia 26 de junho é marcado como o Dia Nacional pela Educação sem Violência Contra as Crianças, no entanto, por mais que haja um dia para tal conscientização, dados do Disque 100 revelam que essa situação ainda é preocupante no país.
O canal do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania registrou um aumento de 24% no número de denúncias de violações contra crianças e adolescentes no Brasil no ano passado.
Leia mais sobre: Denúncias de violência contra crianças e adolescentes sobem 24% no Brasil
2. A crise climática como desafio ambiental urgente no Brasil
A crise climática é um dos desafios ambientais mais urgentes que o Brasil enfrenta atualmente.
Como parte das mudanças climáticas globais, o país lida com impactos significativos relacionados ao aquecimento global, que afetam seus ecossistemas, sua economia e a qualidade de vida de milhões de pessoas.
Esse problema tem se manifestado por meio de diversos fenômenos ambientais extremos, como secas severas, desmatamento acelerado, incêndios florestais, inundações e perda de biodiversidade, que são agravados por atividades humanas insustentáveis.
As chamadas “ondas de calor” têm sido um outro problema cada vez mais frequente na sociedade brasileira.
Essas “ondas” consistem em períodos prolongados de calor extremo, com temperaturas acima da média histórica para uma determinada região, que se mantêm por vários dias ou até semanas.
Durante uma onda de calor, as temperaturas diurnas e noturnas podem se manter excepcionalmente altas, tornando o clima especialmente perigoso para a saúde humana, o meio ambiente e a infraestrutura.
Leia mais sobre: Onda de calor: como se forma o fenômeno que é cada vez mais comum no Brasil
3. Juventude e mercado de trabalho no Brasil: a geração “nem nem” e seus impactos socioeconômicos
A geração nem-nem é um termo usado para descrever jovens, geralmente entre 15 e 29 anos, que nem estudam nem trabalham.
Esse grupo enfrenta dificuldades para se inserir no mercado de trabalho e também está fora dos sistemas de educação formal, o que os coloca em uma situação de vulnerabilidade social e econômica.
As causas para o surgimento da geração nem-nem são multifatoriais, incluindo problemas como a falta de oportunidades de emprego, desigualdades educacionais, exclusão social, dificuldades econômicas e desmotivação.
Em alguns casos, essas pessoas também podem ser responsáveis por cuidados domésticos ou enfrentar barreiras sociais, como gravidez precoce, violência, ou discriminação.
O grupo conhecido como ‘nem-nem’ totalizou mais de 10,9 milhões de jovens, representando 22,3% dos brasileiros na faixa etária. Os dados são da Síntese de Indicadores Sociais (SIS), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Leia mais sobre: Não estudam, nem trabalham: Brasil tem mais jovens ‘nem-nem’ do que Argentina e Chile
4. As consequências para a população brasileira em decorrência das queimadas
As queimadas no Brasil, especialmente na Amazônia, no Pantanal e no Cerrado, têm trazido consequências devastadoras para a população, afetando a saúde pública, a economia, o meio ambiente e o clima.
A destruição de grandes áreas de vegetação, como esses biomas, traz impactos diretos e indiretos que afetam milhões de pessoas em diversas regiões do país.
As principais consequências das queimadas são os impactos na saúde pública acerca do aumento de problemas respiratórios, a perda da biodiversidade local e a diminuição de chuvas etc.
Durante o mês de agosto em São Paulo, uma série de incêndios de grandes proporções foram registrados no interior do estado.
Como consequência para a população, devido ao excesso de fumaça, provocou a suspensão de aulas em escolas, fechamento e evacuações em diversas cidades.
Além de prejudicar a natureza local, trouxe diversos impactos sociais à população também.
Leia mais sobre: SP: incêndios fecham escolas, rodovias e causam evacuações
5. Os desafios relacionados à insegurança alimentar na sociedade brasileira
A má alimentação é resultado de uma dieta desequilibrada carente em ingestão daquilo que o nosso corpo realmente necessita – frutas, verduras, legumes, cereais e grãos, além de ter o consumo excessivo das chamadas gorduras ruins, sódio e açúcares.
A comprovação dos resultados negativos da má alimentação vem com um estudo recente publicado pelo Instituto de Medição e Avaliação da Saúde da Universidade de Washington (Health Metrics and Evaluation), pois o levantamento constatou que a má alimentação foi responsável por quase 11 milhões de mortes em 2017, contra 10,4 milhões de mortes causadas pela pressão arterial alta e 8 milhões pelo cigarro.
Cabe destacar, ainda, que uma alimentação irregular não ocorre somente pela ingestão de fast-foods, pois, no Brasil, ocorre atualmente um cenário de intensificação da fome.
De acordo com um estudo da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (PENSSAN), três em cada dez famílias brasileiras tiveram dificuldades para comprar alimentos e tiveram que reduzir a quantidade de algum item – sofrendo insegurança alimentar moderada ou grave.
Durante o período da pandemia no Brasil houve um aumento significativo sobre a alimentação irregular e cenários de insegurança alimentar.
Leia mais sobre: “Fome no Brasil: número de brasileiros sem ter o que comer quase dobra em 2 anos de pandemia”.
6. Os impactos de práticas capacitistas na sociedade brasileira
A palavra “capacitismo” significa a discriminação de pessoas com deficiência ou ainda a subestimação da capacidade e aptidão de pessoas em virtude de suas deficiências.
O debate vem sendo recorrente na sociedade e ganhou evidência durante os Jogos Paralímpicos de Tóquio, quando diversos comentários e brincadeiras com pessoas com deficiência foram compartilhados.
De acordo com informações divulgadas pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania junto com o IBGE, o Brasil tem 18,6 milhões de pessoas com deficiência.
Por isso é importante que esse tema seja discutido amplamente para diminuirmos os casos de preconceito e discriminação com pessoas com deficiência na sociedade brasileira.
O influenciador digital Ivan Baron é um ativista da causa e apresenta diariamente em suas redes sociais informações sobre o capacitismo e exemplos para realizarmos práticas anticapacitistas na sociedade.
Seu papel é tão relevante na sociedade que foi um dos representantes do povo brasileiro na cerimônia de posse do presidente Lula. Leia mais sobre: ‘O Brasil de verdade está aqui’: quem é Ivan Baron, influencer que entregou faixa presidencial a Lula.
7. Desafios para combater a evasão escolar na realidade brasileira
A evasão escolar no Brasil é o fenômeno em que estudantes abandonam os estudos antes de completarem a educação básica (principalmente o ensino fundamental e o médio).
Esse problema afeta significativamente o desenvolvimento educacional, social e econômico do país, já que a falta de escolaridade reduz as oportunidades futuras de emprego e perpetua o ciclo de pobreza e exclusão social.
As causas da evasão escolar no Brasil são múltiplas e complexas, incluindo fatores como: desigualdade socioeconômica, falta de infraestrutura escolar, problemas familiares, baixa qualidade do ensino, gravidez na adolescência etc.
O Ministério da Educação (MEC) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) divulgaram os dados do Censo Escolar do último ano.
De acordo com o Censo Escolar, o ensino médio é a etapa com maior taxa de repetência e evasão, com 3,9% e 5,9%, respectivamente. No ensino médio, em relação à repetência, a modalidade de educação escolar quilombola registrou a maior taxa: 11,9%.
Em seguida, estão a educação indígena (10,7%), a rural (5,2%) e a especial (3,7%). Já as escolas urbanas têm uma taxa de repetência de 3,9%. Quanto à evasão nessa etapa de ensino, a taxa do público masculino é maior, com 7,3% ,enquanto a do feminino é de 4,5%.
Leia mais sobre: Cerca de 2 milhões de jovens estão fora das escolas no Brasil, segundo o Unicef
8. Os impactos da superexposição de crianças na internet para a sociedade brasileira
A superexposição de crianças na internet refere-se ao uso excessivo ou inadequado da internet por crianças, que muitas vezes estão expostas a conteúdos, interações e situações que podem ser prejudiciais ao seu desenvolvimento.
Isso ocorre quando o acesso às redes sociais, jogos online, vídeos e outros conteúdos digitais é feito sem a devida supervisão ou controle, colocando em risco a segurança, privacidade e bem-estar emocional da criança.
Essa superexposição traz uma série de riscos, incluindo: exposição a conteúdos impróprios, ciberbullying, exploração e abusos online, vício e dependência digital, danos à privacidade.
A superexposição também pode ocorrer por parte dos próprios pais, quando compartilham fotos e vídeos excessivos dos filhos nas redes sociais, fenômeno conhecido como “sharenting” (união das palavras “share” e “parenting”).
Embora as intenções geralmente sejam inofensivas, isso pode expor as crianças a riscos futuros, como roubo de identidade ou constrangimento.
Leia mais sobre: Sharenting: a prática de expor filhos na internet que os coloca em risco
9. Caminhos para combater a violência escolar na sociedade brasileira
A violência escolar na sociedade brasileira é um fenômeno preocupante que abrange diversas formas de agressão física, psicológica e simbólica dentro do ambiente escolar, afetando tanto estudantes quanto professores e funcionários.
Esse tipo de violência pode ocorrer entre alunos, contra os professores, e também como reflexo da violência externa que invade as escolas. São exemplos disso: agressão física, bullying, violência psicológica, vandalismo etc.
Segundo a cartilha A educação que protege contra a violência, produzida pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) globalmente, cerca de 150 milhões de adolescentes entre 13 e 15 anos tiveram alguma experiência de violência, entre pares, dentro ou ao redor da escola.
A Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (PeNSE), 2015, do IBGE, focada em estudantes do nono ano do Ensino Fundamental, indicou que 14,8% de estudantes declararam deixar de ir à escola, pelo menos um dia, nos 30 dias anteriores à pesquisa, por não se sentirem seguros no caminho de casa para a escola ou da escola para casa e 9,5% porque não se sentiram seguros no ambiente escolar.
Ao encerrar a campanha digital pela valorização dos educadores e professores do Brasil em alusão ao Dia Mundial do Professor, celebrado em 15 de outubro, o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) divulga números sobre as violências em instituições de ensino entre janeiro e setembro do ano passado.
No período, a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, por meio do Disque 100, registrou 9.530 denúncias – um aumento de cerca de 50% em comparação ao período anterior, quando mais de 6,3 mil denúncias aconteceram.
Leia mais sobre: Fim da violência nas escolas ainda é desafio para o Brasil
10. Desafios para a inclusão de pessoas com deficiência no Brasil
A inclusão de pessoas com deficiência refere-se à criação de condições para que essas pessoas possam participar de maneira plena e efetiva na sociedade, com igualdade de oportunidades e sem discriminação.
Isso envolve promover a acessibilidade em todos os aspectos da vida, desde a educação, saúde, transporte, emprego, até a cultura e lazer, garantindo o respeito aos seus direitos e a valorização da diversidade.
A inclusão não se limita apenas a remover barreiras físicas (como rampas e banheiros adaptados), mas também barreiras atitudinais, sociais e comunicacionais, que muitas vezes excluem pessoas com deficiência de forma sutil.
Por exemplo: em relação à promoção de uma educação inclusiva em que escolas devem estar preparadas para receber alunos com deficiência e a acessibilidade no ambiente de trabalho para garantir que esse grupo social tenha acesso a empregos com adaptações necessárias e condições justas.
A legislação brasileira, como a Lei Brasileira de Inclusão (LBI) e a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência da ONU, reforça o compromisso do país em promover uma sociedade inclusiva e acessível.
Contudo, a efetivação desses direitos ainda enfrenta desafios, como preconceito, falta de investimento em infraestrutura acessível e a necessidade de maior conscientização pública.
Leia mais sobre: Inclusão de pessoas com deficiência exige conhecimento e reconhecimento social
Últimos temas de redação do Enem
Em mais de 20 anos de exame, a redação do Enem já abordou temas das mais variadas áreas do conhecimento, incluindo direitos humanos, cultura, meio ambiente, igualdade racial e tecnologia.
Uma das melhores formas de se preparar para o exame é estudando o que caiu em edições anteriores. Confira abaixo:
2023: “Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil”.
2022: “Os desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil”.
2021: “Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil”
2020: “O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira”
2019: “Democratização do acesso ao cinema no Brasil”
2018: “Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet”
2017: “Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil”
Como é a redação do Enem?
A redação do Enem é formada por uma frase-tema, que geralmente traz um problema atual da sociedade brasileira. A partir daí, o candidato deve fazer uma proposta de intervenção.
O texto deve ser escrito em até 30 linhas e na estrutura de dissertação argumentativa.
Sempre há textos de apoio que acompanham a proposta de redação. Eles podem ser pesquisas científicas, notícias, quadrinhos ou outras ilustrações.
Além de dissertar e mostrar argumentos, o estudante precisa defender uma ideia e justificá-la. Portanto, é necessário desenvolver uma proposta de intervenção para o problema, apontando soluções que sejam viáveis e que respeitem os direitos humanos.
Veja quais são as principais competências cobradas no exame!
Como mandar bem na redação do Enem?
Agora que você já conferiu os possíveis temas de redação Enem 2024, chegou a hora de praticar! Sim, pra ir bem na redação do Enem é preciso treinar bastante, de preferência corrigindo suas redações para você entender como pode melhorar.
Você pode usar um corretor de redação para te auxiliar durante o processo. Genial, né?
Após a prova você pode conferir a sua nota no Gabarito Enem 2024 que tem 92% de precisão TRI! Conte com a gente!